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Maputo, 11 de Setembro: Uma organização não-governamental sul-africana dos direitos humanos da mulher, sem fins lucrativos, estÁ¡ a trabalhar, desde 2010 – ano do mundial de futebol na África do Sul, na inserção de mulheres que tencionam abandonar a prostituição.
A Embrace Dignity, de acordo com a Directora Executiva da organização, trabalha com a sociedade civil e o governo na defesa de uma reforma que reconheça a prostituição como uma das formas de violência contra a mulher.
Nozizwe Madlala-Routledge explicou a Gender Links News Service que “também defendemos a introdução, na Africa do Sul, de uma lei que vai pôr fim Á exploração sexual das mulheres, raparigas e rapazes À“ um mal social que se aproveita da vulnerabilidade das pessoasÀ.
A responsÁ¡vel pela Embrace Dignity visivelmente agastada questiona como é possÁvel que a África do Sul, um paÁs dos mais desenvolvidos do continente, ainda convive com a exploração sexual de mulheres e raparigas, a maior parte das quais, traficadas de paÁses como Zimbabwe, Angola, CamarÁµes, República DemocrÁ¡tica do Congo, Moçambique, Suazilândia, Lesoto, Malawi, Zâmbia e Nigéria.
Madlala-Routledge acredita que estas mulheres escravas sexuais caem no trÁ¡fico por causa da pobreza e do analfabetismo. Acredita ainda que as falsas promessas dos seus raptores que incluem bolsas de estudo, emprego e melhores condiçÁµes de vida, as tornam potencialmente vulnerÁ¡veis ao seu assédio. Pois, “na verdade, as raptadas desaguam em negócios ilÁcitos, incluindo a indústria do sexo que destrói as suas vidasÀ.
Madlala-Routledge estima que, na África do Sul, a prostituição e o trÁ¡fico de pessoas podem estar a envolver cerca de 200.000 (duzentas mil) pessoas, principalmente do sexo feminino, profissionalizadas como trabalhadoras do sexo, pelas gangs traficantes.
De Moçambique, um paÁs vizinho, são anualmente traficadas para África do Sul, cerca de mil jovens raparigas, entre 14 e 24 anos, maioritariamente oriundas das provÁncias de Maputo e Gaza, no Sul e Nampula, no norte do PaÁs, de acordo com um relatório da Organização Internacional da Migração (OIM), em nossa posse.
O trÁ¡fico de pessoas, particularmente de crianças, de acordo com a organização não-governamental Terre dos Hommes era até o ano de 2011, o terceiro negócio mais lucrativo do mundo, depois do trÁ¡fico de armas e de drogas.
A Organização Internacional da Migração denunciou por outro lado que as mulheres e crianças traficadas são usadas como mão-de-obra nas machambas, nas casas de pasto e na prostituição, outras hÁ¡ que são vendidas como esposas de mineiros.
Para inverter este quadro sombrio sobre o futuro da jovem rapariga a organização, Embrace Dignity, em coordenação de vÁ¡rios outros parceiros estÁ¡ desencadeando uma campanha de lobbies junto do parlamento Sul-Africano para que este adopte leis severas contra a prostituição e o trÁ¡fico de pessoas na terra do Rand, ou seja, na maior potência económica da Africa.
Outras acçÁµes da Embrace Dignity incluem campanhas de desencorajamento da prÁ¡tica espontânea e voluntÁ¡ria da prostituição e do trÁ¡fico humano.
Presentemente, aquela organização sul-africana de direitos humanos trabalha com antigas trabalhadoras de sexo, vulgo prostitutas, na restauração da sua dignidade e na sua integração na sociedade.
Madlala-Routledge, da Embrace Dignity, explicou que a organização estÁ¡, neste momento, a direcionar as suas acçÁµes na superação do trauma das trabalhadoras de sexo, ora integradas na sua rede de apoio psico-social, com o finto de as devolver a auto-estima, para que rapidamente, elas possam voltar a liderar as suas vidas.
O programa é conhecido por “Sister-for-sister leadership ProgrammeÀ, o mesmo que programa de liderança irmã-para-irmã, que consiste na formação das antigas trabalhadoras de sexo em matérias de pequenos negócios, culinÁ¡ria, empreendedorismo, poupança, planificação, gestão e contabilidade.
Uma vez formadas, as beneficiÁ¡rias que apresentarem bons projectos de realização de negócios, são concedidas empréstimos para iniciarem o seu negócio.
“… JÁ¡ estamos a realizar alguns empréstimos nas Á¡reas de confecção de alimentos, incluindo pequenos-almoços, lanches e churrascos junto a terminais de tÁ¡xis…À – esclareceu Madlala-Routledge.
“Estes pequenos negóciosÀ, destacou Madlala-Routledge “permitem que as beneficiÁ¡rias do programa não tenham que competir no mercado do emprego com pessoas que tem formação universitÁ¡ria, num paÁs com alto Ándice de desempregoÀ.
Na África do Sul, estima-se que o desemprego aumentou de 87 mil para 5.2 milhÁµes de sul-africanos, do primeiro ao segundo trimestre do ano em curso, até agora, os números de desemprego mais gordos desde a introdução, em 2008, naquele paÁs, do inquérito trimestral da mão-de-obra local.
O programa de liderança irmã-para-irmã, de acordo com a Directora Executiva da Embrace Dignity, estÁ¡ a lograr efeitos positivos, na medida em que as mutuÁ¡rias jÁ¡ estão a realizar bons lucros, por um lado e por outro, estão a conseguir realizar os reembolsos que são aplicados noutras beneficiÁ¡rias.
A Embrace Dignity apela e encoraja, por isso, ao governo sul-africano e Á s organizaçÁµes de direitos humanos, naquele paÁs do Rand para desenharem programas de apoio Á s antigas trabalhadoras de sexo, tendo em conta também, o número de pessoas que tencionam abandonar a prostituição.
José Tembe é o editor da Gender Links em Maputo. Esta história faz parte do Serviço de NotÁcias da Gender Links, oferecendo novos pontos de vista sobre o dia-a-dia da actualidade informativa.
📝Read the emotional article by @nokwe_mnomiya, with a personal plea: 🇿🇦Breaking the cycle of violence!https://t.co/6kPcu2Whwm pic.twitter.com/d60tsBqJwx
— Gender Links (@GenderLinks) December 17, 2024
Comment on Na Africa do Sul: Embrace Dignity Advoga pelo Fim da Prostituição