CSW59: Agenda de género pós-2015 comprometida com doadores a fecharem as carteiras

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Date: March 23, 2015
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Nova Iorque, 23 de Março: A sociedade civil e as OrganizaçÁµes Não-governamentais (ONGs), integradas no movimento de mulheres que lutam pela igualdade de género, receiam não poderem cumprir os seus propósitos caso prevaleçam as dificuldades na captação de financiamentos junto de potenciais doadores, na sequência da crise financeira global.

A questão do financiamento dominou as sessÁµes sobre os direitos das mulheres ao financiamento de projectos afins sobre género, na 59 ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher (CSW59) recentemente realizada na sede das NaçÁµes Unidas, em Nova Iorque.

Grupos da sociedade civil discutiram a transferência de interesses dos doadores, tendo como pano de fundo o apoio financeiro Á  mulher e Á  rapariga, individualmente, em vez de alocar financiamentos a grandes organizaçÁµes da sociedade civil.

As activistas denunciaram que muitas ONGs estão a fechar as suas actividades por falta de financiamentos.

Explicaram que o financiamento é tão apertado que as operaçÁµes e programas, mesmo de rotina, estão a ser de difÁ­cil realização, no actual cenÁ¡rio. Entretanto, esta triste realidade estÁ¡ a galvanizar as energias renovadas de organizaçÁµes de mulheres para a prossecução da agenda de desenvolvimento “Pequim + 20 e pós-2015À.

A crise estÁ¡ instalada, advertiram. “É realmente preocupante que organizaçÁµes cÁ­vicas constituÁ­das após a Conferência das Mulheres – Nairobi/1985 e pós a Conferência de Pequim, estejam a desaparecer por causa da falta de financiamento,” – disse o Dr. Musimbi Kanyoro, PCA da Global Fund for Women (Fundo Global para as Mulheres).

Todavia doadores hÁ¡ que reclamam por resultados significativos nas suas injecçÁµes financeiras, decorrentes de anos de investimentos em matéria dos direitos das mulheres.

O posicionamento dos doadores, trÁ¡s Á  superfÁ­cie também os principais desafios em que se sujeitam as organizaçÁµes de direitos das mulheres, numa sociedade patriarcal, mas também indicia o facto de as organizaçÁµes não conseguirem captar e comunicar o impacto do seu trabalho de forma eficaz.

Sem o rigoroso acompanhamento e avaliação, os doadores são dados a concluir que as organizaçÁµes não estão a ter bom desempenho e não estão a cumprir com o acordado.

No entanto, um relatório de 2013 sobre o impacto do Desenvolvimento do Milénio, no seu número 3 sobre o financiamento da igualdade de género, realizado pela Associação para os Direitos da Mulher no Desenvolvimento (AWID), demostra que o financiamento dos doadores para os direitos das mulheres produz resultados positivos.

O relatório até sugere que a maneira como o impacto é embalado e comunicado distorce os resultados positivos.

“Seria trÁ¡gico os doadores virarem as costas Á  causa do equilÁ­brio do género, agora,À – disse uma participante do Gana.

Outros participantes nas sessÁµes da CSW se queixaram de que nos últimos cinco anos, as organizaçÁµes de mulheres receberam cada vez menos financiamentos para as suas actividades, com tendência para a situação se deteriora, ainda mais, nos próximos tempos. O futuro para muitas das organizaçÁµes é realmente uma incerteza. Além disso, a actual revisão da declaração CSW59 de Pequim + 20, aparentemente, estÁ¡ silenciosa quanto ao compromisso de aumentar o financiamento para a igualdade de género.

“A questão actual é como que os doadores esperam que realizemos as nossas actividades na ausência de recursos suficientes, nomeadamente para assegurar a execução de projectos e o pagamento de salÁ¡rios aos funcionÁ¡rios?” – Perguntou Christine Ochieng, Director Executivo, FIDA-Kenya.

Outra grande preocupação das ONGs estÁ¡ relacionada com o facto de que os doadores estão cada vez menos motivados a administrar, por longo perÁ­odo, fundos para as questÁµes dos direitos das mulheres. A maioria dos doadores estÁ¡ a financiar actividades de projecto de ciclo curto, até um mÁ¡ximo de um ano e sem alocar fundos suficientes para o desenvolvimento institucional e sua sustentabilidade. Além disso, os doadores são organizaçÁµes de fundos com suas próprias agendas, exigindo prescriçÁµes rigorosas e mandatos que podem não funcionar dentro de contextos locais.

Apesar das dificuldades, as organizaçÁµes cÁ­vicas estão preparadas para estrategicamente responderem Á s novas exigências e iniciativas de financiamento. “As organizaçÁµes de mulheres precisam pensar de forma diferente na sua abordagem actual para o financiamento. Elas precisam de fazer mais angariação conjunta de fundos como uma forma de obter recursos dos doadores”, anotou o Dr. Kanyoro, um dos painéis da sessão da CSW.

Entretanto, segundo indicou Angelika Arutyunova, Gerente do Programa de AWID hÁ¡ novas iniciativas de financiamento para as mulheres e raparigas, bastando que as organizaçÁµes concebam projectos envolventes para o seu acesso.

Segundo o estudo de AWID, novos actores, Novo Dinheiro, novas conversaçÁµes, estÁ¡ disponÁ­vel um total de 14.6 bilhÁµes de dólares americanos para mulheres e raparigas, financiamento de 170 empresas globais mapeados pela pesquisa.

Parte desse financiamento (35%) é destinada aos projectos de empoderamento económico e empreendedorismo das mulheres; para a liderança e empoderamento das mulheres (25%), educação para mulheres e raparigas (21%); e saúde para mulheres e raparigas (18%).

Do mesmo financiamento por iniciativas do sector privado coube para a rubrica direitos humanos (6%), alimentação e nutrição (6%) e paz e conflitos (5%).

Esta distribuição percentual do financiamento da iniciativa do sector corporativo, por Á¡reas de interesse, foi alvo de um sério questionamento por parte da Gerente do Programa AWID que apresentou ainda as recomendaçÁµes para ajudar as organizaçÁµes de género a melhor a sua estratégia de captação de financiamento dos doadores.

Este artigo faz parte do Serviço de Noticias da Gender Links NotÁ­cias na cobertura especial da CSW59 que se realiza na sede da ONU em Nova Iorque, trazendo-lhe novas ideias sobre as notÁ­cias de todos os dias.

 


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