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Maputo, 11 de Março: Moçambique tem registado Ándices crescentes de desistência escolar da rapariga devido, entre os factores, Á pobreza e questÁµes culturais. Com vista a garantir a permanência da rapariga na escola, a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) procedeu Á entrega de três mil pacotes de pensos higiénicos a estudantes da Escola SecundÁ¡ria de Magoanine “AÀ, na Capital do PaÁs.
A presidente da FDC, Graça Machel, disse que as condiçÁµes financeiras em que estas raparigas se encontram não devem ser factor que condiciona o seu futuro, pelo que devem encontrar na escola condiçÁµes sanitÁ¡rias adequadas para as ajudar a construir o seu orgulho feminino e dignidade humana.
Graça Machel disse igualmente que muitas meninas oriundas de famÁlias necessitadas perdem pelo menos 59 dias de aulas por ano devido Á higiene deficitÁ¡ria durante o ciclo menstrual, um cenÁ¡rio que a sua Fundação quer ajudar a combater por forma a manter a rapariga na escola com alguma dignidade.
O patrono do projecto, Richard Mabasso, afirmou que a iniciativa se reveste de grande importância para as raparigas não só pelo gesto, mas também pelo papel do projecto na desmistificação da puberdade e no combate ao flagelo do HIV/SIDA.
Mabasso revelou que desde o inÁcio deste programa na vizinha África do Sul jÁ¡ foram apoiadas mais de 100 mil raparigas provenientes de famÁlias em situação difÁcil, abragendo mais de 100 escolas.
Durante a menstruação é fundamental ter vÁ¡rios cuidados com a higiene Ántima de forma a evitar odores, desconforto e infecçÁµes. Tais cuidados, de acordo com especialistas, incluem limpeza minuciosa das partes genitais, o uso de roupas interiores de algodão e de pensos higiénicos durante a menstruação.
Os pensos higiénicos são protecçÁµes menstruais externas. São fabricados com tecidos absorventes de celulose e cobertos por uma camada plÁ¡stica na sua parte exterior para que o fluxo menstrual não o atravesse.
O director da Escola SecundÁ¡ria de Magoanine “AÀ, Elias Rangel, que em nome daquele estabelecimento de ensino aderiu ao projecto ainda na sua fase piloto, garantiu que os kits de pensos higiénicos serão distribuÁdos gratuitamente, particularmente Á s raparigas mais carentes.
Célia Claudina, directora executiva da Rede de Comunicadores e Amigos da Criança (RECAC), considera que a inicitativa da FDC vai ajudar a quebrar os tabus que grassam na sociedade moçambicana, quando a criança atinge a puberdade.
Célia Claudina ajuntou que constrangimentos de puberdade feminina acontecem tanto nos grandes centros urbanos, mas com maior acuidade nas zonas rurais, onde as raparigas de familias com poucas posses, não podendo comprar pensos higiénicos ficam acanhadas e por vezes optam por não se fazerem presentes Á s aulas.
Pelo que resolver este problema é aumentar a assiduidade da rapariga Á escola porque confortÁ¡vel e segura e por conseguinte, mais atenta Á s aulas.
Dados do sector da educação indicam que no distrito de Sanga, norte do Niassa, mais de 178 raparigas desistiram de frequentar as aulas, nos últimos 3 anos por razÁµes culturais e pobreza, com destaque nomeadamente, para os casamentos prematuros, ritos de iniciação e nomadismo dos pais Á procura de terras férteis para a prÁ¡tica de agricultura.
Em busca de soluçÁµes para garantir a retenção da rapariga no ensino primÁ¡rio completo a Organização Nacional dos Professores (ONP), aponta como medidas a atribuição de bolsas de estudo Á rapariga, a colocação de mais professoras nos distritos, o apoio em material bÁ¡sico de higiene, promoção de aulas de educação sexual e reprodutiva, entre outras acçÁµes.
Avaliada em 90 mil rands, a iniciativa de doação de kits de pensos higiénicos Á Escola SecundÁ¡ria de Magoanine “AÀ resulta da parceria entre a activista Graça Machel, presidente da FDC e a Associação Fanelo Ya Mina (ou Meu Direito) e conta com o apoio da Imbumba Foundation, baseada na vizinha África do Sul.
A Escola SecundÁ¡ria de Magoanine “AÀ, inaugurada em 2011, conta no presente ano lectivo com um total de 2.394 alunos, dos quais 1.079 são homens e 1.315 mulheres, a frequentar da 8 ª Á 10 ª classes, com idades entre 12 a 19 anos.
Aida Matsinhe é uma jornalista freelance em Maputo. Esta história faz parte do Serviço de NotÁcias da Gender Links, oferecendo novos pontos de vista sobre o dia-a-dia da actualidade informativa.
📝Read the emotional article by @nokwe_mnomiya, with a personal plea: 🇿🇦Breaking the cycle of violence!https://t.co/6kPcu2Whwm pic.twitter.com/d60tsBqJwx
— Gender Links (@GenderLinks) December 17, 2024
One thought on “Moçambique: FDC combate desistência escolar da rapariga”
A necessidade de se evidenciar esforços para manter a rapariga na escola, constitui um desafio importantíssimo para o alcance dos objetivos da educação em Moçambique e consequentemente para o desenvolvimento do Pais.
Certamente que estas acçoes como a da FDC vão motivar outros cooperadores da área da Educação a não pouparem esforços para contribuir na luta contra este mal que marginaliza as raparigas em particular na zona rural de Moçambique onde a pobreza se verifica como mais acentuada.