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Nova Iorque, 4 de Março de 2013 À“ Homens representando vÁ¡rias organizaçÁµes masculinas que trabalham na Á¡rea do género reafirmaram o seu compromisso na luta contra a violência baseada no género.
Participando na 57 ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher sob o lema “Eliminação e Prevenção de todas as Formas de Violência contra Mulheres e Crianças”, a decorrer na sede da Assembleia Geral das NaçÁµes Unidas, em Nova Iorque, os homens trocaram experiências positivas nos seus respectivos paÁses com vista a acabar com a violência contra a mulher e rapariga.
Existe uma percepção fundada em dados estatÁsticos de que os homens são os perpetradores primÁ¡rios da violência, no entanto, nem todos os homens usam a violência e muitos deploram-na. Pelo que, vÁ¡rios painelistas falando na sessão “Homens como Aliados na Luta contra a Violência Baseada no GéneroÀ discutiram quais eram as melhores formas que encontravam e utilizavam nos seus paÁses para acabar com a violência.
Grande parte das intervençÁµes cingiram-se na necessidade de cada paÁs levar a cabo estudos visando perceber as causas que levam os homens a usar a violência. Todavia, ficou patente que, de alguma forma, os próprios homens são também vÁtimas na medida em que a sua socialização obriga-os a serem “machosÀ. Essa socialização ensina-os que as mulheres devem ser submissas, o que constitui um cheque em branco para alguns as violentar por esta e aquela razão.
É o processo de socialização que os compele numa direcção muito difÁcil, isto é, assumir posiçÁµes e comportamentos de dominação e subjugação da mulher, sentirem-se com direitos e privilégios sobre as mulheres.
O que foi visto como positivo é o facto de alguns homens serem contra a violência baseada no género. Portanto, é importante trabalhar também com este grupo no sentido de se perceber o que faz com que não ajam como o outro grupo de perpetradores de violência.
E isso mostra que não existe apenas uma masculinidade, mas vÁ¡rias. A discussão referiu que cada paÁs tem de fazer estudos aprofundados visando perceber bem esta questão e as suas implicaçÁµes na sua saúde de uma sociedade em geral e sobre os homens em particular.
Por isso, é importante que se envolvam os homens nos esforços tendentes a eliminação da violência porque a violência também os afecta directamente. Por exemplo, quando uma mulher não pode fazer algumas tarefas porque tem de ir ao hospital, o próprio homem sofre por isso.
Mas o envolvimento do homem é também importante na medida que em grande parte são os homens as pessoas que detém o poder dentro de qualquer sociedade. Sendo por isso importante o seu envolvimento na luta pela promoção da igualdade e equidade do género.
Ademais, os homens devem ser envolvidos porque assim a mensagem de que os homens precisam de ser responsÁ¡veis pelas suas acçÁµes e não fazer o uso da violência pode ser espalhada, para além de que é necessÁ¡rio procurar-se desenvolver outras normas alternativas de masculinidade.
Algo a aplaudir é a constatação de que ao nÁvel das NaçÁµes Unidas o discurso do envolvimento de homens como parceiros e aliados jÁ¡ é uma realidade, tanto é que que os homens são convidados Á s sessÁµes sobre o género para partilharem as suas experiências. Mas visto que algumas actividades requerem recursos, a discussão também focalizou a sua atenção sobre a necessidade de se alocar recursos nos orçamentos de modo a que os homens também possam desenvolver as suas actividades.
Até hoje os recursos visando eliminar todas as formas de violência contra a mulher foram canalizadas para organizaçÁµes femininas, excluindo as masculinas com poucas honrosas excepçÁµes. DaÁ que, a abordagem futura tem de ser no sentido de se alocar fundos também para organizaçÁµes masculinas.
Mas sobretudo deve haver uma constante promoção da cooperação e diÁ¡logo entre homens e mulheres no sentido de se criar alternativas Á violência, e se promover ambientes que criem a paz e desenvolvimento.
Também dirigiu-se uma mensagem Á s mulheres no sentido de que longe de suspeitar dos homens que tentam promover mudanças, é fundamental que vejam os homens como parte da estratégia global visando alcançar-se a igualdade do género, o que significa que trabalhar ou envolver os homens é algo que vai procurar complementar a agenda de empoderamento da mulher e de promoção da equidade do género como um todo.
Bayano Valy é o Editor do Serviço Lusófono da Gender Links, escrevendo sobre CSW (Comissão sobre o Estatuto da Mulher) a partir de Nova Iorque
GL Special Advisor @clowemorna opens the floor & breaks the ice in welcoming all the different grantees with their country's @WVLSouthAfrica Conference#GenderEqaulity#CSW69 pic.twitter.com/P9zDtXcIAy
— Gender Links (@GenderLinks) March 5, 2025
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