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Nova Iorque, 11 Março de 2013 À“ Quem cala consente, como soi dizer. Mas serÁ¡ que é sempre o caso? O que dizer quando milhares de mulheres são violadas, abusadas e violentadas por homens?
Certamente que nesse caso o silêncio torna-se letal. Sendo por isso que as vÁtimas de violência baseada no género devem falar e a comunicação social deve fornecê-las uma avenida através da qual o mundo poder saber a sua situação penosa, segundo um painel de mulheres jornalistas num evento paralelo durante a 57 ª Sessão da Comissão das NaçÁµes Unidas sobre o Estatuto das Mulheres (CSW 57).
“O silêncio em si é um crime,À advertiu a jornalista egÁpcia Abeer Saady. Pode ser que as vÁtimas não querem falar por causa do medo de intimidação como sempre acontece na maior parte dos casos, mas “como jornalistas, devemos encontrar formas de convencê-las a falar.À
É verdade que as vÁtimas de abuso podem não confiar ao ponto de partilhar as suas estórias com a comunicação social, mas os jornalistas não devem ser demovidos por esse facto. A comunicação social deve reportar sobre a violência baseada no género de tal sorte que o público, e subsequentemente as vÁtimas, podem começar a aparecer diante da esfera pública para falar sobre a violência.
Este parece ser o caso na provÁncia Kivu do Sul, na República DemocrÁ¡tica do Congo. Foi quando os jornalistas começaram a reportar sobre vÁtimas de estupro que algumas vÁtimas começaram a falar das duas estórias.
De repente eram comunidades inteiras que começaram a denunciar as violaçÁµes sexuais. Inicialmente o sistema de justiça parecia não estar interessada em julgar os casos de violência contra mulheres, mas quando as comunidades viram a apatia da lei em agir e começaram a aplicar a justiça popular, toda a maquinaria do sistema de justiça entrou em acção. Agora as vÁtimas de estupro jÁ¡ não estão com medo de contar as suas estórias porque têm esperança de que a justiça serÁ¡ feita.
HÁ¡ algum tempo que a RDC encontra-se envolvida num conflito armado e como em muitas situaçÁµes de guerra, são os direitos humanos da mulher que acabam por ser violados. Infelizmente, a RDC, especificamente nas regiÁµes orientais, é considerada a capital mundial de estupro. Os activistas do género da Comunidade do Desenvolvimento da África Austral falaram deste facto junto dos governos regionais antes da CSW, e apelaram aos ministros regionais do género para “denunciar o estupro como uma arma de guerra nos termos mais fortes possÁveis e ajudar a libertar as mulheres presas neste confito.À
DaÁ que, a comunicação social pode desempenhar um papel importante monitorando o que os governos estão a fazer para ajudar a acabar com o conflito congolês, bem como reportando de maneira a conduzir as comunidades a aglutinar-se em redor e em apoio das vÁtimas.
Sendo que, hÁ¡ uma necessidade de criatividade em lidar com as vÁtimas de violência. Uma forma de fazer isso seria de constantemente treinar jornalistas a pensar fora da caixa. Muitas vezes os jornalistas são conduzidos pelo lema “mÁ¡ notÁcia é notÁcia, significando que acabam invariavelmente por se concentrar sobre os detalhes mais aterrorizadores da violência. Sim, é verdade que isso também precisa de ser reportado mas os jornalistas podem procurar estórias de sobreviventes e enfatizar sobre como lidam com a violência; o que fizeram e como reconstituÁram as suas vidas. Pelo que, não precisam necessariamente der ser mÁ¡s notÁcias.
Mais e mais a comunicação social deve focalizar a sua atenção em destacar estórias positivas porque essas engendram um pensamento de que é possÁvel sobreviver Á violência. Uma das formas de fazer isso, seria os repórteres darem tanta informação sobre o contexto social sob o qual a violência contras as mulheres ocorre, bem como indicar as formas através das quais a sociedade precisa de se desmamentar de tais prÁ¡cticas nocivas.
Pamela Falk disse que os jornalistas devem tirar proveito das vantagens dos vÁ¡rios média disponÁveis. “Devemos usar os vÁ¡rios média, incluindo os média social para difundir as estórias sobre vÁtimas de violência.À
A pesquisa empÁrica parece indicar que os assuntos de mulheres têm um alto valor nas redes sociais, disse. DaÁ que, é importante que os jornalistas sejam amigos e sigam os activistas do género no Facebook e Twitter, por exemplo, de modo a estarem a par do que acontece com relação Á violência da mulher, e difundir as estórias o mais rÁ¡pido possÁvel.
O mais importante, todavia, é lembrar que a mÁ¡xima de que quem cala consente pode resultar em mais morte se as estórias das vÁtimas não são contadas.
Bayano Valy é o Editor do Serviço Lusófono da Gender Links. Este artigo faz parte da cobertura especial da GL da CSW 57
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