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Nova Iorque, 11 Março de 2013 À“ Os cardinais católicos entraram em conclave para eleger o sucessor do agora Papa Emérito Bento XVI, mas mesmo assim a questão da pedofilia recusa-se a morrer facilmente. E nem as alegaçÁµes de mÁ¡ conduta sexual dos padres se confinam aos muros da Igreja Católica.
Infelizmente, a doença parece ter permeado no reino das outras denominaçÁµes cristãs, e também para além de menores. Existe um corpo considerÁ¡vel de evidência de que membros do clérigo estão a abusar sexualmente mulheres. Citando Pamela Cooper-White do SeminÁ¡rio Teológico da Columbia, Valli Batchelor, editor do livro “When Pastors Prey (Quando os Pastores Abusam Sexualmente)À, escreve que “90 Á 95 porcento das vÁtimas da mÁ¡ conduta sexual do clérigo são mulheres da congregação.À
Infelizmente, as vÁtimas são propensas a sofrer em silêncio com consequências drÁ¡sticas que podem levar da depressão ao sucÁdio. Ademais, não são apenas as mulheres que sofrem À“ existe uma reacção em cadeia, começando de “primeiro a própria vÁtima, depois todo o sistema familiar, e eventualmente a congregação e a comunidade.À
Uma das razÁµes que o livro avança para o silêncio pesado é o facto de que algumas das vÁtimas são presas na auto-culpabilização, isto é, as vÁtimas acreditam que são sedutoras. Não parecem ver a fraqueza do seu argumento; não vêm que a probabilidade é dos padres estarem a abusar o poder e confiança depositados neles que acabam sendo abusadas.
Os pastores usam passagens bÁblicas para justificar o abandono do dever e opressão das vÁtimas. Como em muitas instituiçÁµes seculares, as igrejas e por extensão os membros do clero detém muito poder que é geralmente não tomado em conta quando casos de abuso são reportados. E o cenÁ¡rio é ainda pior porque os padres têm acesso aos medos, esperanças e sofrimento das suas ovelhas.
Pelo contrÁ¡rio, tais abusos em mulheres podem ser facilmente despachados ou minimizados como relaçÁµes consensuais. Isto é insidioso porque o que estÁ¡ em jogo é “o abuso do poder, a violação do clero missão sagrada dos ministérios, a quebra da responsabilidade fiduciÁ¡ria e a violação dos limites profissionais.À
Qualquer um pode pensar que a igreja devia ser um lugar para se encontrar a paz. Mas quando a vÁtima denuncia o abuso sexual de mulheres pelo clero, as igrejas envolvem-se num silêncio sepulcral. Elas mostram uma incapacidade de responder adequadamente ao sofrimento das sobreviventes, lê-se no livro.
Claramente que isso tem implicaçÁµes a longo prazo para as igrejas. “O encobrimento desta vergonha pela hierarquia religiosa continua a custar as igrejas constrangimentos financeiros e bancarrota, para além de profundamente minar a fé das pessoas,À diz Batchelor.
O abuso não estÁ¡ confinado apenas Á mulheres leigas. A Irmã Ann Kennedy disse que juntou-se Á um grupo carismÁ¡tico católico com os seus vintes anos e um dia um padre americano levou-a para uma sala para rezar com ela. Todavia, colocou as suas mãos nela mas não no estilo curativo usual. “Foi aterrador. Eu era uma jovem problemÁ¡tica caminhando rumo ao sistema psiquiÁ¡trico. Ele certamente soube escolher!À
Ela apenas reportou o padre Á sua ordem religiosa. Para o seu descontentamento e horror, a ordem religiosa ignorou as suas reclamaçÁµes. Como não houve testemunhas para apoiar as suas reclamaçÁµes, não resultou em nenhum caso. O seu arquebispo prometeu lidar com a situação mas mais tarde quebrou as suas promessas. Como resultado, ela sofreu uma desordem neuromuscular e agora só pode mover-se por via duma cadeira de rodas.
O testemunho da Irmã Ana parece indicar que o que é necessÁ¡rio é o estabelecimento de polÁticas e estruturas visando criar ambientes seguros tanto para mulheres como crianças na igrejas.
É tempo das autoridades religiosas reconhecerem que o abuso de mulheres é um assunto grave, não confinado apenas Á alguns padres desviados. A mentalidade paroquial que as igrejas revelam quando confrontadas com questÁµes dolorosas e difÁceis, não inspira confiança.
As igrejas deviam dar consolo e proteger os fiéis, bem como ser lugares de oração e não ondem mulheres e crianças são abusadas. A cura apenas pode ocorrer quando o clero que abusa é identificado e processado criminalmente.
Em última instância, o clero deve viver de acordo com os dogmas religiosos, preceitos e mensagem de amor, misericórdia, compaixão, justiça e cura. Em boa verdade, os pastores e padres devem praticar o que pregam.
Bayano Valy é o Editor do Serviço Lusófono da Gender Links. Este artigo faz parte da cobertura especial da GL da CSW 57
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— Gender Links (@GenderLinks) December 17, 2024
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