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Macie, 13 de Outubro: A participação da mulher em processos de tomada de decisão é vista como fundamental para a defesa de seus direitos.
Embora se reconheçam alguns avanços significativos, as mulheres consideram que ainda persistem algumas dificuldades por ultrapassar para que haja igualdade de oportunidades entre elas e os homens.
As principais barreiras para a participação da mulher na esfera de tomada de decisão são nomeadamente as de Ándole cultural e a fraca escolaridade.
O despertar da consciência sobre a importância da participação também da mulher nos processos eleitorais é visto como providencial para o engajamento da mulher nas diversas frentes de desenvolvimento socio-económico do paÁs.
Na vila autÁ¡rquica da Macie, em Bilene, na ProvÁncia de Gaza, as barreiras culturais e a fraca escolaridade, restringe a participação da mulher nos processos democrÁ¡ticos e em particular, na ascensão aos cargos de tomada de decisão.
As mulheres da macie, vêm na realização das quintas eleiçÁµes presidenciais e legislativas e nas primeiras para a eleição dos membros das Assembleias ProvÁncias, de 15 de Outubro, uma oportunidade para pressionar as lideranças polÁticas e seus candidatos a terem em conta nos seus manifestos eleitorais, as questÁµes sobre género.
Laximina dos Anjos, de 35 anos de idade, é uma das poucas mulheres do municÁpio da Macie que participa nas actividades politicas e por via da sua militância politica dos Anjos é membro da Assembleia Municipal na autarquia da Macie.
Laximina lamenta o facto de haver homens que ainda não reconhecem a capacidade da mulher na liderança, o que na sua opinião, desencoraja a participação da mulher, na sua própria emancipação.
Nas listas de candidaturas para as eleiçÁµes legislativas e assembleias provinciais de 15 de Outubro próximo, hÁ¡ pouca inclusão das mulheres, pois apenas três mulheres num total de 10 pré-candidatas conseguiram a sua eleição para candidatas a membro da assembleia provincial de Gaza.
Tomando sempre como referência, Laximina dos Anjos afirmou que desde sua eleição como membro da Assembleia Municipal, o municÁpio registou um crescimento assimilÁ¡vel.
Destacou que o ano passado, os bairros Joaquim Chissano, Muchabje e Menguelene deram um salto em termos de novas infra-estruturas públicas e na arrecadação de receitas municipais.
Precisou a nossa fonte que a Vila da Macie construiu mais salas de aula, novos furos de abastecimento de Á¡gua potÁ¡vel e tornou possÁvel a expansão da rede eléctrica em benefÁcio da população daqueles bairros municipais.
«Durante o meu mandato estive tendo estado a sensibilizar os vendedores para aderirem ao pagamento da taxa municipal, para com essas receitas melhorar as condiçÁµes dos próprios munÁcipes.
Este é um exemplo que mostrar que a mulher é capaz de fazer qualquer coisa que o homem faz, e por vezes muito mais », observou Laximina dos Anjos.
Naquela vila municipal, a participação da mulher é vista como um contributo para o enriquecimento do debate sobre o empoderamento da mulher nos órgãos autÁ¡rquicos, aliÁ¡s pequenos polos de desenvolvimento sustentÁ¡vel a curto, médio e longo prazo.
«Na Macie temos vindo a promover encontros com mulheres no bairro, em particular com a mulher-jovem onde discutimos os problemas que minam o envolvimento da mulher, ao mesmo tempo que encorajamos a mulher-jovem a se interessar pelas questÁµes de género, quanto cedo possÁvel À“ explicou dos Anjos.
Lúcia Vinte, de 54 anos de idade, funcionÁ¡ria da Comissão da Administração das Finanças, defende que para que a mulher ganhe o seu espaço na esfera polÁtica doméstica precisa ter acesso Á informação e, uma vez sufragada exercer o cargo que lhe for confiada com brio e profissionalismo.
Para Lúcia Vinte, as eleiçÁµes são uma oportunidade para aumentar a representação da mulher nos fóruns de tomada de decisão, no debate sobre a desigualdade do género e sobre a violação dos direitos humanos e das mulheres e, por último, para pressionar a conceção de polÁticas e estratégias sensÁveis ao género.
O protocolo da SADC sobre género e desenvolvimento fixa em 50%, a representação da mulher em todos os nÁveis de tomada de decisão até 201, tendo em conta que é também papel da mulher contribuir para o bem-estar da famÁlia, num sentido mais largo, da própria sociedade.
«Temos vontade, mas ainda falta confiança por parte dos homens. Outro problema é que a própria mulher para além de si, não quer que uma outra mulher seja também votada. E isto é frequente aqui na Macie, o que jÁ¡ justifica um trabalho de sensibilização da mulher para que compreenda a importância dos processos eleitorais », declarou a nossa fonte.
Leovildo Samuel Chambe, 33 anos de idade, membro da Assembleia Municipal da Macie, defende que a população daquela vila autÁ¡rquica estaria muito bem representada se a mulher estivesse presente em todos os nÁveis de tomada de decisão.
AliÁ¡s, para Chambe a participação da mulher nos órgãos de decisão é uma questão de justiça social e um imperativo do desenvolvimento nacional sustentÁ¡vel.
Por sua vez, Madina Vaquina, de 29 anos de idade, estudante da 10a classe, acredita que com a participação da mulher nos órgãos de tomada de decisão, a vida da população da vila da Macie e do paÁs, em geral vai mudar. «Gostaria que tivéssemos uma presidente mulher. Acho que muita coisa iria mudar À“ concluiu Madina Vaquina.
O desemprego, o fraco acesso Á escola formal e os casamentos forçados são os principais problemas que afectam a mulher, na Macie.
Artigo escrito por Adérito Bié, estudante da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo. Esta história faz parte do Serviço de NotÁcias da Gender Links, oferecendo novos pontos de vista sobre o dia-a-dia da actualidade informativa
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