Botswana: Pai, meu grande mestre

Gaborone, 15 de Junho: A vida não abençoa a todos com um grande pai. Como o dia do pai se aproxima, as memórias retornam e dou-me em conta do quão grande pai é! Meu pai deixou um impacto indelével em mim. O meu pai me ensinou a andar e a falar e o que significa viver uma vida inabalÁ¡vel.

Ele era um homem de famÁ­lia dedicado e membro do clero que sempre praticou o que ele pregou. Através de suas oraçÁµes diÁ¡rias e estudo da BÁ­blia, eu aprendi a fazer o mesmo. A comunidade também realmente o respeitava. Lembro-me de um dia que um homem se aproximou do meu pai e disse: “Tenho-te observado por algum tempo e eu gostaria de adorar o mesmo Deus que tu adoras.”

O meu pai foi um leitor Á¡vido e a pessoa que me ensinou a ler. Quando eu comecei a escola primÁ¡ria, as minhas habilidades de leitura e escrita estavam muito mais avançadas do que as dos meus colegas. Ao longo da minha carreira estudantil, fazia questão de certificar que eu e os meus irmãos fizemos ou não os deveres de casa. Durante o ensino médio, ele acordava cedo todas as manhãs para aquecer a Á¡gua, para que pudéssemos banhar.

Embora ele fosse um clérigo comprometido, ele dirigiu uma série de empresas para apoiar a nossa famÁ­lia. Primeiro, ele conseguiu um negócio de tÁ¡xi, em seguida, uma loja de comida rÁ¡pida, vulgo “Fast-Food”, se envolveu na fabricação de sabão e até mesmo na sua idade avançada, ele administrava uma empresa de frangos. Ele sempre fez face Á s despesas e em nenhuma única noite fomos Á  cama com fome. Ele sempre fez questão de que a sua famÁ­lia constituÁ­a sua prioridade. Ele me ensinou que se eu trabalhasse duro, fosse inovador, tivesse prioridades claras e vivesse fiel aos meus princÁ­pios, eu sempre teria a consciência tranquila e que alcançaria o sucesso.

Hoje eu sou um produtor musical e sei que ele foi o seu amor pela música que me inspirou ao longo deste caminho. Ele fazia-nos cantar na igreja e praticar em casa depois da escola. Desde criança eu nunca pensei muito nisso, mas como um adulto percebo que se não tivesse sido o incentivo do meu pai, eu não teria sabido muito sobre música. Ele pode não ter tido a oportunidade de ouvir a minha música, mas eu sei que ele ficaria orgulhoso.

Nunca ouvi o meu pai dizer a minha mãe como ele a amava, mas definitivamente vi o quanto ele a amava e para mim isso foi uma lição de amor. Ele nunca colocou as mãos sobre ela, ou disse uma palavra que a fez chorar. Nunca houve um dia em que ele voltou para casa tarde sem que saibamos onde ele tinha estado. Sem precisar de qualquer motivo, ele voltava para casa com um presente ou surpresa para a minha mãe, só para mostrar o seu amor e gratidão. Quando a mãe trabalhava até tarde da noite no hospital, ele sempre a esperava e ia buscÁ¡-la. Meu pai também me ensinou a amar as outras pessoas e aceitÁ¡-las como elas são.

Sua morte veio tão de repente. Receber a notÁ­cia do acidente de carro por telefone me deu arrepios. As duas semanas de não saber se ele sobreviveria ou não foram longas e difÁ­ceis. Ele se foi hÁ¡ cinco anos e seu legado permanece e a lição que ele me ensinou, vou passar para meus próprios filhos nos próximos anos. Se o meu pai podia ler isso, eu diria obrigado por estar lÁ¡, por ser o meu herói e meu grande professor.

Levi Mberego é um estudante de mÁ­dia na Universidade de Botswana. Esta homenagem é parte da série especial GL News Service, celebrando pais fenomenais, oferecendo pontos de vista sobre notÁ­cias frescas todos os dias.