Moçambique: Tio arranca toda herança dos sobrinhos


Date: December 5, 2012
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Eu sou uma menina de 12 anos. Vivo com os meus três irmãos no Bairro da Liberdade. Podem não acreditar mas sou a actual chefe de famÁ­lia e para a nossa sobrevivência vendo tomate e cebola aos montinhos.

Perdemos o nosso pai hÁ¡ dois anos. Nossa mãe faleceu seis meses depois do nosso pai. Ela começou a adoecer logo depois do falecimento do papÁ¡, e como a doença dela piorava e minha avó teve que a levar para o hospital.

Enquanto isso, tÁ­nhamos que vender alguns bens para pagarmos as suas despesas hospitalares. Primeiro vendemos todos os cabritos que tÁ­nhamos, e como não melhorava, meu tio, irmão do meu pai, veio pegar na motorizada do meu falecido pai para pagar as despesas hospitalares e a matrÁ­cula do meu irmão mais novo. Infelizmente, a minha mãe piorou e acabou falecendo.

Depois das cerimónias fúnebres, meu tio voltou e veio buscar todas as maquinetas de soldar e de carpintaria que meu falecido pai usava, dizendo que nós éramos crianças e não saberÁ­amos usÁ¡-las.

A nossa avó materna ainda tentou defender-nos mas sem sucessos porque o meu tio disse que as maquinetas pertenciam ao seu falecido irmão, e que minha mãe não tinha vindo com nada da casa dos seus pais.

Eu jÁ¡ parei de estudar e tenho que fazer este pequeno negócio para zelar e dar de comer aos meus irmãos, incluindo a pequena Rute, de dois anos, que também é doentia.

Nós éramos uma famÁ­lia que estava minimamente preparada mas hoje quase que não temos nada para comer.

Esta estória faz parte da série das Estórias “Eu” produzidas pelo Serviço Lusófono de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links para o 16 Dias de Activismo sobre Violência Baseada no Género.

 


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