Eu era uma vÁ­tima de violência

Eu era uma vÁ­tima de violência


Date: November 26, 2014
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Meu nome é Sandra de 46 anos de idade, sou viúva hÁ¡ 8 anos. Sou mãe de 5 filhos com 26, 23, 20, 18 e 9 anos.

Eu conheci o meu marido quando eu tinha apenas 18 anos e ele era 15 anos mais velho de que eu e estava divorciado. A primeira esposa dele tinha-o abandonado Á¡ cerca de 3 anos e tinha-se casado com outro homem. Eu fui viver com o meu marido na casa dele. Era uma casa de madeira e zinco com 2 compartimentos pequenos.

Durante os primeiros 2 anos de convivência nós tÁ­nhamos uma vida muito boa. TÁ­nhamos muito amor e respeito um pelo outro. PasseÁ¡vamos muito. Áamos frequentemente para África do Sul e ele comprava-me muitos presentes, comprava-me sapatos, roupas bonitas e toda comida que eu precisasse. Ele trabalhava nas minas da África do Sul.

No final do segundo ano de convivência eu fiquei grÁ¡vida do meu primeiro filho. E quando eu tive o bebe ele mudou de comportamento. JÁ¡ não vinha para casa quando voltasse das minas da África do Sul.

Os familiares do meu marido vieram para minha casa para me informar que a ex-mulher do meu marido tinha voltado para viver com meu marido e que ela estava a viver em casa dos meus sogros. Eu não tive problemas com o facto de ela ter voltado para viver com o meu marido mas não gostei da ideia de me terem apresentado a ela como primeira esposa do meu marido. Pois quando iniciamos a nossa relação a ex-mulher dele jÁ¡ o tinha abandonado e estava a viver com outro homem.

Sempre que ele quisesse ver o nosso filho, mandava o sobrinho buscar a criança para casa dos pais dele onde ele se hospedava quando voltasse da África do Sul e ficava com a outra mulher. Uma das vezes eu recusei-me a entregar a minha criança ao sobrinho para ele ver. Preferi ir pessoalmente para casa dos meus sogros onde estava o meu marido a espera da criança para vê-la porque eu precisava de algum dinheiro para ir ao hospital e esperava que ele mo desse.

Quando cheguei a casa dos meus sogros ele não me quis dar o dinheiro para ir ao hospital e tinha levado a criança e recusava-se a devolver-me a minha criança. Quando eu insisti com ele para me dar a criança e o dinheiro para ir ao hospital ele recusou-se e começou a agredir-me verbalmente. Disse que eu não era nada para ele e que ele iria permanecer casado com a ex-mulher dele e que ele não iria devolver a criança a mim porque era o filho dele.

Eu respondi que ele tinha-me dito que não tinha mulher e que se ele não quisesse mais continuar com a relação afectiva comigo ele podia ter-me informado e eu ia-me embora.

Ele ficou ofendido e pegou numa varra que é habitualmente usada para bater bois quando se vai pastar e usou-a para me bater no pescoço do lado de trÁ¡s que causou-me desmaio. Algum tempo mais tarde os familiares dele reanimaram-me com Á¡gua fria na cabeça. Eu acordei e percebi que tinha levado uma pancada muito forte do meu marido e fui para casa dos meus pais. No mesmo dia os meus sogros foram para casa dos meus pais e pediram desculpas pelo que tinha sucedido. O meu pai pediu explicação sobre o que se tinha passado e o meu sogro respondeu que ele tinha cometido um erro e bateu em mim. O meu pai disse-lhe que ele estava a caminho da esquadra para meter queixa sobre o sucedido e os meus sogros pediram para que ele não metesse queixa e que isso nunca mais haveria de acontecer. O meu marido tirou 500 meticais e deu aos meus pais pedindo desculpas pelo sucedido.

Os meus pais pediram então que eles voltassem para casa deles e que eu iria permanecer em casa a recuperar da pancada e das dores que eu tinha. Eu permaneci em casa dos meus pais por um ano. Quando ele voltou da África do Sul pediu-me que voltasse para casa dele e eu aceitei. Continuamos juntos e tÁ­nhamos uma vivência muito boa. Ele tinha parado de ser agressivo comigo e tratava-me muito bem.

Continuamos a viver juntos por 6 anos e tivemos mais 3 filhos. Quando eu tive o quarto filho e ainda estava a amamenta-lo, o meu marido levou-me para ir viver com ele na África do Sul. Quando cheguei lÁ¡ ele começou a ser violento novamente porque tinha outra mulher na África do Sul com quem ele vivia.

Batia-me por tudo e por nada e eu fugi de casa e fui vier com a minha cunhada que também vivia na África do Sul. No terceiro dia a irmã levou-me para casa do meu marido e quando chegamos lÁ¡ vimos que ele estava doente e a irmã levou-lhe para o hospital e ele perdeu a vida.

O momento mais marcante do ciclo de violência foi quando ele me bateu enquanto eu ainda estava a amamentar o meu filho mais velho. O ciclo de violência durou desde que tive o primeiro filho ate a morte do meu marido. Hoje vivo com os meus 3 filhos que jÁ¡ tem esposas e duas das minhas filhas estão no lar.

 


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