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Meu nome é Sandra de 46 anos de idade, sou viúva hÁ¡ 8 anos. Sou mãe de 5 filhos com 26, 23, 20, 18 e 9 anos.
Eu conheci o meu marido quando eu tinha apenas 18 anos e ele era 15 anos mais velho de que eu e estava divorciado. A primeira esposa dele tinha-o abandonado Á¡ cerca de 3 anos e tinha-se casado com outro homem. Eu fui viver com o meu marido na casa dele. Era uma casa de madeira e zinco com 2 compartimentos pequenos.
Durante os primeiros 2 anos de convivência nós tÁnhamos uma vida muito boa. TÁnhamos muito amor e respeito um pelo outro. PasseÁ¡vamos muito. Áamos frequentemente para África do Sul e ele comprava-me muitos presentes, comprava-me sapatos, roupas bonitas e toda comida que eu precisasse. Ele trabalhava nas minas da África do Sul.
No final do segundo ano de convivência eu fiquei grÁ¡vida do meu primeiro filho. E quando eu tive o bebe ele mudou de comportamento. JÁ¡ não vinha para casa quando voltasse das minas da África do Sul.
Os familiares do meu marido vieram para minha casa para me informar que a ex-mulher do meu marido tinha voltado para viver com meu marido e que ela estava a viver em casa dos meus sogros. Eu não tive problemas com o facto de ela ter voltado para viver com o meu marido mas não gostei da ideia de me terem apresentado a ela como primeira esposa do meu marido. Pois quando iniciamos a nossa relação a ex-mulher dele jÁ¡ o tinha abandonado e estava a viver com outro homem.
Sempre que ele quisesse ver o nosso filho, mandava o sobrinho buscar a criança para casa dos pais dele onde ele se hospedava quando voltasse da África do Sul e ficava com a outra mulher. Uma das vezes eu recusei-me a entregar a minha criança ao sobrinho para ele ver. Preferi ir pessoalmente para casa dos meus sogros onde estava o meu marido a espera da criança para vê-la porque eu precisava de algum dinheiro para ir ao hospital e esperava que ele mo desse.
Quando cheguei a casa dos meus sogros ele não me quis dar o dinheiro para ir ao hospital e tinha levado a criança e recusava-se a devolver-me a minha criança. Quando eu insisti com ele para me dar a criança e o dinheiro para ir ao hospital ele recusou-se e começou a agredir-me verbalmente. Disse que eu não era nada para ele e que ele iria permanecer casado com a ex-mulher dele e que ele não iria devolver a criança a mim porque era o filho dele.
Eu respondi que ele tinha-me dito que não tinha mulher e que se ele não quisesse mais continuar com a relação afectiva comigo ele podia ter-me informado e eu ia-me embora.
Ele ficou ofendido e pegou numa varra que é habitualmente usada para bater bois quando se vai pastar e usou-a para me bater no pescoço do lado de trÁ¡s que causou-me desmaio. Algum tempo mais tarde os familiares dele reanimaram-me com Á¡gua fria na cabeça. Eu acordei e percebi que tinha levado uma pancada muito forte do meu marido e fui para casa dos meus pais. No mesmo dia os meus sogros foram para casa dos meus pais e pediram desculpas pelo que tinha sucedido. O meu pai pediu explicação sobre o que se tinha passado e o meu sogro respondeu que ele tinha cometido um erro e bateu em mim. O meu pai disse-lhe que ele estava a caminho da esquadra para meter queixa sobre o sucedido e os meus sogros pediram para que ele não metesse queixa e que isso nunca mais haveria de acontecer. O meu marido tirou 500 meticais e deu aos meus pais pedindo desculpas pelo sucedido.
Os meus pais pediram então que eles voltassem para casa deles e que eu iria permanecer em casa a recuperar da pancada e das dores que eu tinha. Eu permaneci em casa dos meus pais por um ano. Quando ele voltou da África do Sul pediu-me que voltasse para casa dele e eu aceitei. Continuamos juntos e tÁnhamos uma vivência muito boa. Ele tinha parado de ser agressivo comigo e tratava-me muito bem.
Continuamos a viver juntos por 6 anos e tivemos mais 3 filhos. Quando eu tive o quarto filho e ainda estava a amamenta-lo, o meu marido levou-me para ir viver com ele na África do Sul. Quando cheguei lÁ¡ ele começou a ser violento novamente porque tinha outra mulher na África do Sul com quem ele vivia.
Batia-me por tudo e por nada e eu fugi de casa e fui vier com a minha cunhada que também vivia na África do Sul. No terceiro dia a irmã levou-me para casa do meu marido e quando chegamos lÁ¡ vimos que ele estava doente e a irmã levou-lhe para o hospital e ele perdeu a vida.
O momento mais marcante do ciclo de violência foi quando ele me bateu enquanto eu ainda estava a amamentar o meu filho mais velho. O ciclo de violência durou desde que tive o primeiro filho ate a morte do meu marido. Hoje vivo com os meus 3 filhos que jÁ¡ tem esposas e duas das minhas filhas estão no lar.
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