África do Sul: Criando Pais Adolescentes


Date: June 29, 2013
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Estava chocado e com medo. Não sabia como havia de o apoiar e como é que havÁ­amos de sobreviver. Mas estava também excitado por trazer uma criança ao mundo. Queria ser capaz de fazer coisas para ele que nunca haviam sido feitas para mim.À

Matthew Thompson tinha apenas 17 anos e ainda a estudar quando soube que a sua namorada estava grÁ¡vida. A arrebatadora emoção e medo que sentiu é comum entre rapazes que descobrem que vão ser pais. Á€ semelhança das suas parceiras, Á s vezes eles não sabem com quem contar e muitas vezes se perdem completamente.

Entretanto, muitos jovens pais como o Matthem não desaparecem deixando as suas parceiras para lidar sozinhas com a gravidez. Pelo contrÁ¡rio, escolhem assumir a responsabilidade e ajudar a criar a criança. Muitas vezes esquecemo-nos de que embora as raparigas geralmente arcam com os problemas e grandes dificuldades durante as gravidezes de adolescência, os rapazes também precisam de orientação extra e apoio, especialmente se tornar-se-ão pais e parceiros responsÁ¡veis.

Muitas vezes os pais adolescentes querem desempenhar um papel active nas vidas dos seus filhos, mas sentem-se desanimados e paralizados porque não só são muito jovens para dar apoio financeiro como eles próprios ainda precisam de ser guiados de modo a navegar a vida de adulto e paternidade.

Um estudo recente conduzido pelo Conselho de Pesquisa de Ciências Humanas (HSRC) intitulado Teenage Tata: Voices of Young Fathers in South Africa (Pais Adolescentes: Vozes de Jovens Pais na África do Sul), liderado pela Dra Sharlene Swartz, concluÁ­u que 26% de jovens pais da África do Sul ainda estão na escola, 40% são desempregados e que a maioria dos casos de gravidezes de adolescentes são mais comuns nas comunidades mais pobres.

O estudo também mostrou que embora os rapazes que passam por paternidade não planeada sentem-se com medo, frustrados e com envergonhados, eles expressam intensamente um alto nÁ­vel de responsabilidade e forte de desejo de amar, investir e prover para os seus filhos.

A co-pesquisadora Nothile Dlamini explicou que porque as raparigas suportam o peso dos estigmas e consequências da gravidez na adolescência, tende a haver menos enfoque sobre os pais adolescentes. Ela também questionou os persistentes estereótipos que sugerem que todos os pais adolescentes estão ausentes e não querem ser pais.

“As asuposiçÁµes são de que os pais adolescents não querem fazer parte das vidas dos seus filhos, mas na realidade precisamos explorar essas percepçÁµes e analisar as experiências vividas e realidades de pais adolescentes,À disse Dlamini.

Os jovens envolvidos no estudo também destacaram o papel crucial que seus próprios pais desempenharam ao encorajÁ¡-los a serem pais activos e responsÁ¡veis, sendo este o ponto que requer atenção.

Que papel devem os pais desempenhar na criação e educação dos seus filhos para ajudar a evitar paternidade não planificada? Durante as gravidezes não planificadas, como é que especificamente os pais podem continuar a mostrar apoio para assegurar um futuro bem sucedido e criação saudÁ¡vel para os seus netos?

A comunicação é chave. A abertura e honestidade são importantes porque as crianças precisam saber que podem contar com os seus pais. Muitos pais adolescentes nos Pais Adolescentes expressam a necessidade dos homens adultos falar-lhes sobre sexo seguro, contraceptivos e relacionamentos, acreditando que isso podia tê-los protegido de gravidezes não planificadas.

Os pais também precisam manter essa comunicaçãoaberta durante a gravidez na adolescência porque os adolescentes precisam mais ainda de apoio e aconselho de adultos para gerirem a sua situação de forma sã.

A inclusão é também importante. Se a sociedade espera que os rapazes encarem as suas responsabilidades, os pais devem permitir que façam justamente isso. Muitas vezes as famÁ­lias tomam conta de negociaçÁµes, o que exclui ambos o rapaz e a rapariga das escolhas feitas sobre os seus futuros e do bebé ainda por nascer. Eles precisam ser incluidos no processo de tomada de decisão porque isolar os pais adolescentes impede o papel do pai adolescente numa paternidade igual.

Parte dessa inclusão inclui engajar os homens como parceiros. Informar os homens sobre as fases pré-natal e do parto não apenas os empodera, como também ajuda a empoderar as mulheres e minimiza o seu estresse durante a gravidez a pós-parto.

As famÁ­lias devem também reconhecer a diversidade da paternidade. Segundo a Iniciativa Africana de Paternidade, para se engajar homens como cuidadores, devemos reconhecer que a paternidade vai além da definição limitada da biologia e famÁ­lia nuclear. Os homens desempenham diferentes papeis nas vidas das crianças e hÁ¡ muitos tipos de pais por aÁ­. Só para citar alguns, hÁ¡ alguns pais solteiros, pais adolescentes, avôs, figuras paternas, padrastros, pais gays, pais com diferentes habilidades e pais vivendo com HIV e SIDA.

Finalmente, acabar a escola é vital para ambos os pais adolescentes. Os pais devem ensinar os rapazes que a educação contribuirÁ¡ com apoio financeiro dos seus filhos e assegurar um futuro melhor para si e famÁ­lia. Os pais adolescentes devem também compreender que encorajar a mãe da sua criança a regressar Á  escola irÁ¡ promover uma melhor qualidade de vida para ela e o bebé.

Pais, guardiÁµes e todas as figuras paternas devem liderar na educação das suas crianças. Devem também mandar uma mensagem bem clara: ter uma criança enquanto adolescente não é um desastre, mas também não é brincadeira de criança. Significa uma vida de paternidade, que requer cometimento e sacrifÁ­cio.

Pais adolescentes como o Matthew são o tipo de rapazes que devÁ­amos apoiar ao invés de estereotipar todos os pais adolescentes como sendo ausentes e irresponsÁ¡veis. Os pais deviam também tomar todas as medidas para assegurar que os pais adolescentes continuam a ser criados por eles e recebem todo o apoio e orientação que precisam.

Thandiwe McCloy é um escritor e sub-editor da LoveLife, o maior programa sul-africano de prevenção do HIV para jovens. Angelo C Louw (@_MrLo) é um jornalista senior e estratega dos média digital, trabalhando como um Impressor Senior e Produtor de Conteúdos para Celulares na LoveLife. Ambos escrevem na sua capacidade individual. Este artigo é parte da série especial do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links, celebrando Pais Fenomenais.


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