
SHARE:
Estava chocado e com medo. Não sabia como havia de o apoiar e como é que havÁamos de sobreviver. Mas estava também excitado por trazer uma criança ao mundo. Queria ser capaz de fazer coisas para ele que nunca haviam sido feitas para mim.À
Matthew Thompson tinha apenas 17 anos e ainda a estudar quando soube que a sua namorada estava grÁ¡vida. A arrebatadora emoção e medo que sentiu é comum entre rapazes que descobrem que vão ser pais. Á€ semelhança das suas parceiras, Á s vezes eles não sabem com quem contar e muitas vezes se perdem completamente.
Entretanto, muitos jovens pais como o Matthem não desaparecem deixando as suas parceiras para lidar sozinhas com a gravidez. Pelo contrÁ¡rio, escolhem assumir a responsabilidade e ajudar a criar a criança. Muitas vezes esquecemo-nos de que embora as raparigas geralmente arcam com os problemas e grandes dificuldades durante as gravidezes de adolescência, os rapazes também precisam de orientação extra e apoio, especialmente se tornar-se-ão pais e parceiros responsÁ¡veis.
Muitas vezes os pais adolescentes querem desempenhar um papel active nas vidas dos seus filhos, mas sentem-se desanimados e paralizados porque não só são muito jovens para dar apoio financeiro como eles próprios ainda precisam de ser guiados de modo a navegar a vida de adulto e paternidade.
Um estudo recente conduzido pelo Conselho de Pesquisa de Ciências Humanas (HSRC) intitulado Teenage Tata: Voices of Young Fathers in South Africa (Pais Adolescentes: Vozes de Jovens Pais na África do Sul), liderado pela Dra Sharlene Swartz, concluÁu que 26% de jovens pais da África do Sul ainda estão na escola, 40% são desempregados e que a maioria dos casos de gravidezes de adolescentes são mais comuns nas comunidades mais pobres.
O estudo também mostrou que embora os rapazes que passam por paternidade não planeada sentem-se com medo, frustrados e com envergonhados, eles expressam intensamente um alto nÁvel de responsabilidade e forte de desejo de amar, investir e prover para os seus filhos.
A co-pesquisadora Nothile Dlamini explicou que porque as raparigas suportam o peso dos estigmas e consequências da gravidez na adolescência, tende a haver menos enfoque sobre os pais adolescentes. Ela também questionou os persistentes estereótipos que sugerem que todos os pais adolescentes estão ausentes e não querem ser pais.
“As asuposiçÁµes são de que os pais adolescents não querem fazer parte das vidas dos seus filhos, mas na realidade precisamos explorar essas percepçÁµes e analisar as experiências vividas e realidades de pais adolescentes,À disse Dlamini.
Os jovens envolvidos no estudo também destacaram o papel crucial que seus próprios pais desempenharam ao encorajÁ¡-los a serem pais activos e responsÁ¡veis, sendo este o ponto que requer atenção.
Que papel devem os pais desempenhar na criação e educação dos seus filhos para ajudar a evitar paternidade não planificada? Durante as gravidezes não planificadas, como é que especificamente os pais podem continuar a mostrar apoio para assegurar um futuro bem sucedido e criação saudÁ¡vel para os seus netos?
A comunicação é chave. A abertura e honestidade são importantes porque as crianças precisam saber que podem contar com os seus pais. Muitos pais adolescentes nos Pais Adolescentes expressam a necessidade dos homens adultos falar-lhes sobre sexo seguro, contraceptivos e relacionamentos, acreditando que isso podia tê-los protegido de gravidezes não planificadas.
Os pais também precisam manter essa comunicaçãoaberta durante a gravidez na adolescência porque os adolescentes precisam mais ainda de apoio e aconselho de adultos para gerirem a sua situação de forma sã.
A inclusão é também importante. Se a sociedade espera que os rapazes encarem as suas responsabilidades, os pais devem permitir que façam justamente isso. Muitas vezes as famÁlias tomam conta de negociaçÁµes, o que exclui ambos o rapaz e a rapariga das escolhas feitas sobre os seus futuros e do bebé ainda por nascer. Eles precisam ser incluidos no processo de tomada de decisão porque isolar os pais adolescentes impede o papel do pai adolescente numa paternidade igual.
Parte dessa inclusão inclui engajar os homens como parceiros. Informar os homens sobre as fases pré-natal e do parto não apenas os empodera, como também ajuda a empoderar as mulheres e minimiza o seu estresse durante a gravidez a pós-parto.
As famÁlias devem também reconhecer a diversidade da paternidade. Segundo a Iniciativa Africana de Paternidade, para se engajar homens como cuidadores, devemos reconhecer que a paternidade vai além da definição limitada da biologia e famÁlia nuclear. Os homens desempenham diferentes papeis nas vidas das crianças e hÁ¡ muitos tipos de pais por aÁ. Só para citar alguns, hÁ¡ alguns pais solteiros, pais adolescentes, avôs, figuras paternas, padrastros, pais gays, pais com diferentes habilidades e pais vivendo com HIV e SIDA.
Finalmente, acabar a escola é vital para ambos os pais adolescentes. Os pais devem ensinar os rapazes que a educação contribuirÁ¡ com apoio financeiro dos seus filhos e assegurar um futuro melhor para si e famÁlia. Os pais adolescentes devem também compreender que encorajar a mãe da sua criança a regressar Á escola irÁ¡ promover uma melhor qualidade de vida para ela e o bebé.
Pais, guardiÁµes e todas as figuras paternas devem liderar na educação das suas crianças. Devem também mandar uma mensagem bem clara: ter uma criança enquanto adolescente não é um desastre, mas também não é brincadeira de criança. Significa uma vida de paternidade, que requer cometimento e sacrifÁcio.
Pais adolescentes como o Matthew são o tipo de rapazes que devÁamos apoiar ao invés de estereotipar todos os pais adolescentes como sendo ausentes e irresponsÁ¡veis. Os pais deviam também tomar todas as medidas para assegurar que os pais adolescentes continuam a ser criados por eles e recebem todo o apoio e orientação que precisam.
Thandiwe McCloy é um escritor e sub-editor da LoveLife, o maior programa sul-africano de prevenção do HIV para jovens. Angelo C Louw (@_MrLo) é um jornalista senior e estratega dos média digital, trabalhando como um Impressor Senior e Produtor de Conteúdos para Celulares na LoveLife. Ambos escrevem na sua capacidade individual. Este artigo é parte da série especial do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links, celebrando Pais Fenomenais.
📝Read the emotional article by @nokwe_mnomiya, with a personal plea: 🇿🇦Breaking the cycle of violence!https://t.co/6kPcu2Whwm pic.twitter.com/d60tsBqJwx
— Gender Links (@GenderLinks) December 17, 2024
Comment on África do Sul: Criando Pais Adolescentes