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By Alfredo Langa
Moçambique apesar de ser considerado como um País com um ambiente seguro para as pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, a comunidade LGBT ainda se queixa de ser vítima de preconceitos, situação que os coloca fora da prática das actividades desportivas, sobretudo, quando estas assumem a sua identidade sexual. Este facto leva a segregação deste grupo e isolamento em relação ao espaço federado, condicionando deste modo o gozo das suas liberdades fundamentais consagradas pela Constituição da República de Moçambique.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, no seu artigo 2º, afirma como ideal a ser perseguido pela comunidade internacional o reconhecimento e o exercício dos direitos sem discriminação baseada na raça, cor, sexo, língua, opinião ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição. Por sua vez, a Constituição da República de Moçambique, no seu artigo 35, que versa sobre Princípios da universalidade e igualdade, defende que todos os cidadãos estão sujeitos aos mesmos deveres e direitos.
Entretanto, apesar destes instrumentos universais e nacionais defenderem direitos iguais entre os seres humanos, Moçambique ainda está longe de garantir que a comunidade LGBT goze dos seus direitos desportivos, facto que se agrava quando estes assumem a sua identidade sexual. É um facto que as minorias sexuais continuam equidistantes em relação ao desporto no que diz respeito ao federado. Em algumas modalidades, como futebol feminino, ainda é possível encontrar enquadrados, mas na sua maioria não é visível. “Como aos olhos da sociedade eu sou mulher, posso sem nenhum problema jogar futebol feminino, mas o mesmo já não se assiste com um gay. Se um homem, por exemplo, com identidade sexual feminina, quiser jogar na equipa de futebol feminino, logo a prior é barrado, mas na equipa de futebol masculino também não serve, logo lhe é vedado um direito”, explicou Cláudia, nome fictício de uma atleta.
No futebol feminino, a comunidade lésbica quase que não sofre preconceito, uma vez que há essa fama de que o futebol feminino é para as lésbicas, o que não é verdade. Mas, por outro lado, é difícil ver as minorias sexuais enquadradas na natação, basquetebol, hóquei em patins, xadrez e outras.Em entrevista, Luís Chaúque, mais conhecido por Gito, empreendedor no ramo automóvel e um apreciador de natação, disse que está ainda bem patente na sua memória sinais de discriminação. “Eu gosto da natação, mas não gosto de ir treinar com os outros, porque tenho medo de sofrer preconceito. As vezes, não são os atletas, são os próprios instrutores que fomentam a discriminação. Como tenho esta minha característica, muito volumoso, não quero sofrer bullyng, porque não quis nascer assim. Sou gay assumido, por isso, prefiro caminhar na praia, correr nos espaços públicos, assim evito descriminação”. Por sua vez, Dário, nome fictício, disse que futebol é a sua paixão, mas a orientação sexual o impede de exercer. Dário, que é gay, disse que poderia treinar num clube, mas não ia tardar para sofrer preconceito por parte dos meus colegas. “A convivência seria difícil quer nos balneários e mesmo em campo”. Assim, para não ver o seu gosto pelo futebol frustrado, pratica esta modalidade na comunidade LGBT.
Esta foi a forma encontrada por ele para preservar a sua saúde emocional. “Lá sinto-me a vontade com os meus colegas, porque cada um de nós sabe que ser gay não é uma escolha, é uma coisa nata, está acima da nossa capacidade de controlo, mas a sociedade deve abrir as portas para o campo federado, porque existem bons talentos que são jogados fora por simplesmente ter uma orientação sexual diferente daquela que a sociedade esperava que tivesse”, explicou
Dário. Dário, com 18 anos, diz ser obrigado a usar duas “caras”, porque o preconceito vem a partir da sua família e tem consciência de que no dia em que for a sair do “armário” será rejeitado a partir de casa. Com uma história diferente, encontramos Anifa, que se sente à-vontade jogando futebol federado. Ela assume que é lésbica, mas no futebol feminino não existe muito preconceito.“Aqui, no futebol feminino, não há muito preconceito. A convivência é normal. Eu sou lésbica, não sofro bullyng das minhas colegas de equipa.
A sociedade nos deve olhar como pessoas normais. Um dos desafios da comunidade LGBT está em outras frentes desportivas, essa luta ainda está longe do fim”.Por sua vez, o oficial de Comunicação da LAMBDA, Francelino Zeute, disse que não tem informações concretas sobre estes preconceitos no desporto federado. “Este é um assunto melindroso, é nossa aposta o enquadramento da comunidade LGBT no desporto em todas as áreas, mas isso leva o seu tempo. Temos equipas da LAMBDA que praticam a activiade desportiva. Só vou dar um exemplo, há dias a equipa da LAMBDA sagrou-se campeã da Copa Coalizão em Futebol Feminino, disputado no campinho da Mafalala, em Maputo, ao vencer a equipa de Dream Team, por 4 – 3, nas grandes penalidades”, explicou.
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