
Estava chocado e com medo. Não sabia como havia de o apoiar e como é que havÁamos de sobreviver. Mas estava também excitado por trazer uma criança ao mundo. Queria ser capaz de fazer coisas para ele que nunca haviam sido feitas para mim.À
Matthew Thompson tinha apenas 17 anos e ainda a estudar quando soube que a sua namorada estava grÁ¡vida. A arrebatadora emoção e medo que sentiu é comum entre rapazes que descobrem que vão ser pais. Á€ semelhança das suas parceiras, Á s vezes eles não sabem com quem contar e muitas vezes se perdem completamente.
E finalmente o bebé iria chegar, o fruto de uma cumplicidade partilhada com a minha parceira teria existência real, fÁsica, palpÁ¡vel. A incógnita do sexo foi preservada até ao “grande momentoÀ, uma romanticização do tradicional para confrontar o moderno.
Finalmente se faz luz e sou informado: “É homemÀ, bem distinto daquele quase lamentoso e introspectivo “é meninaÀ. Estava carimbado a partir daquele momento eu era “paiÀ. A adolescência rica em estórias e os “loucos anos de faculdadeÀ prenhes de excessos passam todos num instante como um cometa pela minha mente.
Logo começaram as felicitaçÁµes e eu cÁ¡ comigo com os meus botÁµes: o que mesmo tem de especial a confirmação de uma capacidade biológica normal a qualquer ser humano saÁdo da puberdade? Aparentemente tem muita coisa a ver e eu partilhei com a minha parceira um fenómeno que acabava de observar e que baptizei como “duplo parabénsÀ. Funciona assim: “- Parabéns soube que o bebé jÁ¡ nasceu. É menina ou rapaz?À E eu: “-É rapazÀ e logo a seguir: “- OOOOhhhhhhh PARABÉNS!!!À.
Porque a peça fez-me pensar? Não sei bem. SerÁ¡ porque o meu próprio pai não esteve presente durante uma fase da minha infância? SerÁ¡ porque quando regressou donde estivera, batia-me ao mÁnimo deslize comportamental do meu lado? SerÁ¡ porque ele sempre foi uma figura autoritÁ¡ria? SerÁ¡ porque é bÁgamo? Não sei. Só sei que eu e o meu pai temos uma relação complicada.
A verdade é que nunca consegui ter uma conversa de “homem a homemÀcom o meu pai. Invariavelmente, acabamos sempre desconversando. Torna-se difÁcil abrir-me com ele, tanto não seja porque penso que quer que eu arque o fardo das suas responsabilidades.
“Essa dama é uma goya, xipixe xa nova xa kufana ni lexiya (gata selvagem parecida com a outra…À Este é o trecho de abertura de uma pretensa canção do pretenso género musical Pandza, que a partida parece pretender criticar o comportamento considerado promÁscuo de certas mulheres.
A tal pseudo-canção é da autoria dos Cizer Boss, com a participação de um tal de Dey. Portanto, são jovens do sexo masculino que talvez pretendam interpretar o social através das suas pseudo-cançÁµes. E no vÁdeo aparecem moças, as tais goias, a dançarem com movimentos obscenos.
Obviamente que tanto a canção como o vÁdeo são a representação de uma sub-cultura musical eivada de violência e sexismo Á la “gangster rapÀ norte-americano. O conteúdo resume-se Á objectivação sexual da mulher e seu corpo À“ nos Estados Unidos, alguns pesquisadores têm vindo a fazer estudos muito interessantes que até certo ponto estabelecem uma correlação entre os “rapsÀ violentos e desumanizantes e a alta do crime, especialmente dos casos de estupro.
Talvez em Moçambique precisemos de fazer estudos para ver até que ponto as mensagens e conteúdos (?) Pandzas não estejam a perpetuar os estereótipos do género, e ajudar na manutenção do sistema patriarcal que insiste em querer controlar o corpo da mulher, isto é, a mulher não pode decidir por si o que pode ou deixar de fazer com o seu corpo.
ctivistas e OrganizaçÁµes de sociedade civil na Á¡rea do género de vÁ¡rias regiÁµes do mundo concentram-se a partir de 4 de Março, em Nova Iorque, para em unÁssono continuar a advogar para a eliminação e prevenção de todas a formas de violência contra a mulher e rapariga, bem como discutir a partilha de responsabilidades entre homens e mulheres.
São activistas e organizaçÁµes que ao longo do ano, desde a última sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher das NaçÁµes Unidas (UN CSW),discutiram entre si, traçaram estratégias, e trabalharam no sentido de contribuir eficazmente para melhorar a sua capacidade de influenciar polÁticas e leis a favor da igualdade do género a nÁvel nacional, e a sua capacidade de influenciar os resultados e conclusÁµes da CSW a nÁvel regional.
O Dia de São Valentim parece ter o condão de galvanizar a sociedade a estar em comunhão com o seu lado compassivo. Os homens, socializados a esconderem os seus sentimentos em público, formam bichas nas diversas lojas para a compra de presentes para as suas amadas À“ acreditam que assim estão a mostrar o seu amor Á s suas parceiras.
Mesmo as ofertas de presentes que fazem Á s suas amadas circunscrevem-se dentro da lógica de que o homem providencia os bens materiais Á mulher, e em troca esta oferece o seu corpo. Duvido que se a oferta não encerasse consigo a promessa de posse do corpo da mulher, muitos homens ofereceriam presentes Á s mulheres com as quais não têm parentesco.
Portanto, o comportamento romântico que os homens machistas adoptam no dia 14 de Fevereiro acaba sendo algo para o inglês ver. Não parece algo que esteja incrustado no ADN dos homens.
Faltando dois anos para este prazo, que é também o prazo para os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM), devemos mudar o nosso lema de “sim, nós podemosÀ para “sim, nós devemosÀ!
Queremos agradecer a SADC e a ONU Mulheres por assegurar que a nossa voz fosse ouvida neste encontro estratégico. Queremos assegurar aos nossos Governos que somos os vossos aliados e parceiros firmes em empurrar a agenda do género para frente nos nossos paÁses. Foram eleitos para prover uma melhor vida para todos os nossos cidadãos À“ especialmente para as mulheres. Somos as mãos, pés, olhos e orelhas, coraçÁµes e cabeças que vos podem ajudar a realizar essas metas visionÁ¡rias e não somos a vossa concorrência mas talvez um braço implementador dos nossos Governos.
A violação e tortura de uma jovem estudante universitÁ¡ria de 23 anos, perpetrada por cinco homens num machimbombo, em Dezembro de 2012, em Delhi, capital da Ándia, indignou o paÁs – a jovem morreu subsequentemente devido Á graves lesÁµes internas causadas por um barra metÁ¡lica.
Irromperam manifestaçÁµes e protestos de todo o espectro social e polÁtico, denunciando a bÁ¡rbara agressão e a violência crónica contra raparigas e mulheres na Ándia. Foi um momento para a nação fazer uma autocrÁtica sobre a violência de género.
Em Moçambique, hÁ¡ exactamente um ano, a WLSA (Mulheres e Lei na África Austral) alertou sobre a violação colectiva por 17 homens de uma mulher em Cabo Delgado, sob a acusação de ter passado perto de um local onde realizam-se ritos de iniciação para rapazes.
As histórias dos povos estão repletas de actos de bravura, coragem e heroÁsmo. Porém, quase que invariavelmente os heróis são escritos no género masculino, isto é, são poucas as estórias de heroÁnas.
Moçambique celebrou no dia 3 de Fevereiro mas um dia alusivo aos heróis moçambicanos. Como de costume a nação foi Á Praça dos Heróis depositar uma coroa de flores. Recordemo-nos de que estão depositados na cripta da Praça dos Heróis os restos mortais dos que a historiografia moçambicana designou de heróis.
Até parece que a escolha de quem deve entrar na cripta obedece Á uma lógica patriarcal À“ apenas uma mulher é que conseguiu entrar na cripta; Josina Machel. Se a lógica inicial da designação de heróis respondia ao facto de todos terem estado envolvidos na Guerra de Libertação, pode questionar-se se não houve mulheres que tombaram no perÁodo da luta armada. Se a resposta for sim, como é que os seus restos mortais não foram parar na cripta?
As chuvas que caem desde o inÁcio do ano em todo o paÁs jÁ¡ fizeram mais de 40 mortos, destruÁram milhares de hectares de culturas diversas, destruÁram infraestruturas, principalmente salas de aulas e estradas, e afectaram mais de 80.000 pessoas.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) criou vÁ¡rios centros de acolhimento nas zonas afectadas pelas cheias, sendo que a prioridade é dada Á s mulheres, crianças, idosos e doentes.
A avaliação preliminar que o governo moçambicano e a Organização das NaçÁµes Unidas fizeram indica que serão precisos 15 milhÁµes de dólares para operacionalizar a operação humanitÁ¡ria resultante das cheias no paÁs.