Write about rights

África do Sul: Criando Pais Adolescentes

Estava chocado e com medo. Não sabia como havia de o apoiar e como é que havÁ­amos de sobreviver. Mas estava também excitado por trazer uma criança ao mundo. Queria ser capaz de fazer coisas para ele que nunca haviam sido feitas para mim.À

Matthew Thompson tinha apenas 17 anos e ainda a estudar quando soube que a sua namorada estava grÁ¡vida. A arrebatadora emoção e medo que sentiu é comum entre rapazes que descobrem que vão ser pais. Á€ semelhança das suas parceiras, Á s vezes eles não sabem com quem contar e muitas vezes se perdem completamente.

Moçambique: Ser diferente é normal À“ paternidade “pós-modernaÀ

E finalmente o bebé iria chegar, o fruto de uma cumplicidade partilhada com a minha parceira teria existência real, fÁ­sica, palpÁ¡vel. A incógnita do sexo foi preservada até ao “grande momentoÀ, uma romanticização do tradicional para confrontar o moderno.

Finalmente se faz luz e sou informado: “É homemÀ, bem distinto daquele quase lamentoso e introspectivo “é meninaÀ. Estava carimbado a partir daquele momento eu era “paiÀ. A adolescência rica em estórias e os “loucos anos de faculdadeÀ prenhes de excessos passam todos num instante como um cometa pela minha mente.

Logo começaram as felicitaçÁµes e eu cÁ¡ comigo com os meus botÁµes: o que mesmo tem de especial a confirmação de uma capacidade biológica normal a qualquer ser humano saÁ­do da puberdade? Aparentemente tem muita coisa a ver e eu partilhei com a minha parceira um fenómeno que acabava de observar e que baptizei como “duplo parabénsÀ. Funciona assim: “- Parabéns soube que o bebé jÁ¡ nasceu. É menina ou rapaz?À E eu: “-É rapazÀ e logo a seguir: “- OOOOhhhhhhh PARABÉNS!!!À.

Moçambique: O dilema dos relacionamentos pai e filho

Moçambique: O dilema dos relacionamentos pai e filho

Porque a peça fez-me pensar? Não sei bem. SerÁ¡ porque o meu próprio pai não esteve presente durante uma fase da minha infância? SerÁ¡ porque quando regressou donde estivera, batia-me ao mÁ­nimo deslize comportamental do meu lado? SerÁ¡ porque ele sempre foi uma figura autoritÁ¡ria? SerÁ¡ porque é bÁ­gamo? Não sei. Só sei que eu e o meu pai temos uma relação complicada.

A verdade é que nunca consegui ter uma conversa de “homem a homemÀcom o meu pai. Invariavelmente, acabamos sempre desconversando. Torna-se difÁ­cil abrir-me com ele, tanto não seja porque penso que quer que eu arque o fardo das suas responsabilidades.

Moçambique: Como algumas cançÁµes perpetuam o patriarcado

“Essa dama é uma goya, xipixe xa nova xa kufana ni lexiya (gata selvagem parecida com a outra…À Este é o trecho de abertura de uma pretensa canção do pretenso género musical Pandza, que a partida parece pretender criticar o comportamento considerado promÁ­scuo de certas mulheres.

A tal pseudo-canção é da autoria dos Cizer Boss, com a participação de um tal de Dey. Portanto, são jovens do sexo masculino que talvez pretendam interpretar o social através das suas pseudo-cançÁµes. E no vÁ­deo aparecem moças, as tais goias, a dançarem com movimentos obscenos.

Obviamente que tanto a canção como o vÁ­deo são a representação de uma sub-cultura musical eivada de violência e sexismo Á  la “gangster rapÀ norte-americano. O conteúdo resume-se Á  objectivação sexual da mulher e seu corpo À“ nos Estados Unidos, alguns pesquisadores têm vindo a fazer estudos muito interessantes que até certo ponto estabelecem uma correlação entre os “rapsÀ violentos e desumanizantes e a alta do crime, especialmente dos casos de estupro.

Talvez em Moçambique precisemos de fazer estudos para ver até que ponto as mensagens e conteúdos (?) Pandzas não estejam a perpetuar os estereótipos do género, e ajudar na manutenção do sistema patriarcal que insiste em querer controlar o corpo da mulher, isto é, a mulher não pode decidir por si o que pode ou deixar de fazer com o seu corpo.

Moçambique: Activistas do género começam a concentrar-se em Nova Iorque

ctivistas e OrganizaçÁµes de sociedade civil na Á¡rea do género de vÁ¡rias regiÁµes do mundo concentram-se a partir de 4 de Março, em Nova Iorque, para em unÁ­ssono continuar a advogar para a eliminação e prevenção de todas a formas de violência contra a mulher e rapariga, bem como discutir a partilha de responsabilidades entre homens e mulheres.

São activistas e organizaçÁµes que ao longo do ano, desde a última sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher das NaçÁµes Unidas (UN CSW),discutiram entre si, traçaram estratégias, e trabalharam no sentido de contribuir eficazmente para melhorar a sua capacidade de influenciar polÁ­ticas e leis a favor da igualdade do género a nÁ­vel nacional, e a sua capacidade de influenciar os resultados e conclusÁµes da CSW a nÁ­vel regional.

Moçambique: Só um dia e depois voltam ao normal

O Dia de São Valentim parece ter o condão de galvanizar a sociedade a estar em comunhão com o seu lado compassivo. Os homens, socializados a esconderem os seus sentimentos em público, formam bichas nas diversas lojas para a compra de presentes para as suas amadas À“ acreditam que assim estão a mostrar o seu amor Á s suas parceiras.

Mesmo as ofertas de presentes que fazem Á s suas amadas circunscrevem-se dentro da lógica de que o homem providencia os bens materiais Á  mulher, e em troca esta oferece o seu corpo. Duvido que se a oferta não encerasse consigo a promessa de posse do corpo da mulher, muitos homens ofereceriam presentes Á s mulheres com as quais não têm parentesco.

Portanto, o comportamento romântico que os homens machistas adoptam no dia 14 de Fevereiro acaba sendo algo para o inglês ver. Não parece algo que esteja incrustado no ADN dos homens.

DECLARAÁ‡ÁƒO DA SOCIEDADE CIVIL NA REUNIÁƒO DOS MINISTROS DO GÉNERO DA SADC SERENA POLANA HOTEL-14 de Fevereiro de 2013

Faltando dois anos para este prazo, que é também o prazo para os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM), devemos mudar o nosso lema de “sim, nós podemosÀ para “sim, nós devemosÀ!

Queremos agradecer a SADC e a ONU Mulheres por assegurar que a nossa voz fosse ouvida neste encontro estratégico. Queremos assegurar aos nossos Governos que somos os vossos aliados e parceiros firmes em empurrar a agenda do género para frente nos nossos paÁ­ses. Foram eleitos para prover uma melhor vida para todos os nossos cidadãos À“ especialmente para as mulheres. Somos as mãos, pés, olhos e orelhas, coraçÁµes e cabeças que vos podem ajudar a realizar essas metas visionÁ¡rias e não somos a vossa concorrência mas talvez um braço implementador dos nossos Governos.

Moçambique: Quando vamos dizer basta?

A violação e tortura de uma jovem estudante universitÁ¡ria de 23 anos, perpetrada por cinco homens num machimbombo, em Dezembro de 2012, em Delhi, capital da Á­ndia, indignou o paÁ­s – a jovem morreu subsequentemente devido Á  graves lesÁµes internas causadas por um barra metÁ¡lica.

Irromperam manifestaçÁµes e protestos de todo o espectro social e polÁ­tico, denunciando a bÁ¡rbara agressão e a violência crónica contra raparigas e mulheres na Ándia. Foi um momento para a nação fazer uma autocrÁ­tica sobre a violência de género.

Em Moçambique, hÁ¡ exactamente um ano, a WLSA (Mulheres e Lei na África Austral) alertou sobre a violação colectiva por 17 homens de uma mulher em Cabo Delgado, sob a acusação de ter passado perto de um local onde realizam-se ritos de iniciação para rapazes.

Moçambique: HeroÁ­nas, procuram-se

As histórias dos povos estão repletas de actos de bravura, coragem e heroÁ­smo. Porém, quase que invariavelmente os heróis são escritos no género masculino, isto é, são poucas as estórias de heroÁ­nas.

Moçambique celebrou no dia 3 de Fevereiro mas um dia alusivo aos heróis moçambicanos. Como de costume a nação foi Á  Praça dos Heróis depositar uma coroa de flores. Recordemo-nos de que estão depositados na cripta da Praça dos Heróis os restos mortais dos que a historiografia moçambicana designou de heróis.

Até parece que a escolha de quem deve entrar na cripta obedece Á  uma lógica patriarcal À“ apenas uma mulher é que conseguiu entrar na cripta; Josina Machel. Se a lógica inicial da designação de heróis respondia ao facto de todos terem estado envolvidos na Guerra de Libertação, pode questionar-se se não houve mulheres que tombaram no perÁ­odo da luta armada. Se a resposta for sim, como é que os seus restos mortais não foram parar na cripta?

Moçambique: Falta uma dimensão do género das cheias?

As chuvas que caem desde o inÁ­cio do ano em todo o paÁ­s jÁ¡ fizeram mais de 40 mortos, destruÁ­ram milhares de hectares de culturas diversas, destruÁ­ram infraestruturas, principalmente salas de aulas e estradas, e afectaram mais de 80.000 pessoas.

O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) criou vÁ¡rios centros de acolhimento nas zonas afectadas pelas cheias, sendo que a prioridade é dada Á s mulheres, crianças, idosos e doentes.

A avaliação preliminar que o governo moçambicano e a Organização das NaçÁµes Unidas fizeram indica que serão precisos 15 milhÁµes de dólares para operacionalizar a operação humanitÁ¡ria resultante das cheias no paÁ­s.