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“Esta é a previsão metereológica e eu sou Nguatah Francis.” Nos anos 90, os quenianos costumava ouvir esta frase de entrada no final dos noticiÁ¡rios. Pouco mudou ao longo dos anos no respeitante ao formato e horÁ¡rio das previsÁµes do tempo, talvez isso tenha contribuÁdo para a razão por que os quenianos dão pouca importância a essas previsÁµes?
Poucos quenianos prestam atenção. Era comum ver pessoas com guarda-chuvas num dia extremamente quente por antecipação de chuva. Havia o residente da cidade, a citadina que usava sandÁ¡lias, e calças brancas num dia em que as estradas de Nairobi estariam cheias de matope. E o que dizer da mulher rural, a camponesa que necessita da previsão para saber quando plantar as suas preciosas sementes guardadas da última colheita para obter uma boa colheita?
O Ministro para os recursos ambientais e naturais, John Michuki, enfatizou a importância da informação metereológica precisa nos esforços para lidar com as mudanças climÁ¡ticas numa reunião. Esta necessidade motivou a formação da Conferência Ministerial Africana sobre Metereologia (AMCONET).
“A metereologia é uma informação central necessÁ¡ria para se lidar com os efeitos das mudanças climÁ¡ticas,” disse Michuki, acrescentando que esta informação impacta sobre a segurança alimentar e adaptação Á s mudanças climÁ¡ticas, questÁµes que muitos paÁses africanos enfrentam.
Segundo Michuki, a informação metereológica pode ajudar-nos a explorar o potencial africano para produzir energia limpa e verde. “Temos um grande potencial de energia natural que ainda não foi explorado,” disse o ministro. Ele indicou que o ministério queniano de energia introduziu uma lei visando que todos os novos edifÁcios tenham painéis solares para o aquecimento de Á¡gua.
Michuki também disse que o paÁs actualmente procura explorar outras fontes de energia verde, tais como energia geotérmica e eólica. Quênia tem uma dos mais grandes campos de energia eólica, o projecto de Energia Eólica do Lago Turkana, que se espera produza 300MW de energia limpa a ser integrada na rede nacional de energia.
90% da população rural do Quênia não tem electricidade. O projecto de electrificação rural proposto pelo governo visa mudar esta situação através da electrificação de residências, escolas e outras instituiçÁµes rurais. “No Quênia, vemos o sol durante 300 dos 365 dias do ano,” disse, acrescentando que o sol é uma fonte acessÁvel de energia que ainda não foi explorado ao seu pleno potencial. Disse que o Quênia estÁ¡ a introduzir projectos de energia limpa de modo a alcançar a sua visão 2030, um roteiro para a criação de uma economia média nas próximas duas décadas.
A SecretÁ¡ria da UNFCCC (Quadro de Convenção das NaçÁµes Unidas para as Mudanças ClimÁ¡ticas), Christiana Figueres, assemelhou o processo das negociaçÁµes sobre mudanças climÁ¡ticas como a criação de um plano de negócios para o mundo. Figueres disse que embora as negociaçÁµes ainda não estão a decorrer a um ritmo que o mundo deseja, “é como elaborar um plano de negócios global para o planeta com cerca de 200 governos como autores.”
Porém, diferentemente dos planos de negócios criados pelo sector privado, este deve ser implementado antes que as conversaçÁµes e documentos finais estejam completos. Figueres apelou para uma implementação imediata dos planos a serem desenhados para combater as mudanças climÁ¡ticas. “SerÁ¡ através da implementação que vamos ter a implementação final do plano de negócios,” advertiu.
Todavia, enquanto continuamos a implementar os planos de mitigação e adaptação Á s mudanças climÁ¡ticas, temos que ter em conta a necessidade das economias emergentes e em desenvolvimento para crescer e industrializar. O Ministro indiano do Ambiente, Jayanthu Natarajan, disse que embora trabalhando para o crescimento das suas economias, as naçÁµes em desenvolvimento voluntariamente comprometeram-se a reduzir as emissÁµes em 25% até 2025.
“Isto foi feito as expensas das nossas economias e nossos povos,” disse Natajaran. O ministro enfatizou a necessidade de capital durante as negociaçÁµes. “O capital estÁ¡ no centro e tem de estar no centro das negociaçÁµes,” argumentou, indicando que os paÁses emergentes e em desenvolvimento têm “o direito de crescer e um direito de desenvolver-se.”
O vice-Presidente do Banco Mundial para desenvolvimento sustentÁ¡vel, Rachel Kyte, disse que as mudanças climÁ¡ticas podem barrar os sonhos dos povos do mundo. “Os direitos, expectativas e esperanças dos povos em cada paÁs estão sendo activamente minados pelas mudanças climÁ¡ticas,” disse Kyte.
É por isso importante que tenhamos abordagens integradas para combater os efeitos das mudanças climÁ¡ticas. Isto inclui o desenvolvimento de fontes de energia renovÁ¡vel ao mesmo tempo que reduzimos o uso do combustÁvel petrolÁfero, trabalhando com o sector privado para a facilitação de partilha e não a transferência de tecnologia, e capacitar todos os povos na mitigação e adaptação Á s mudanças climÁ¡ticas. Informação metereológica precisa vai ajudar neste sentido, vai ajudar as camponesas e citadinas a planear os seus dias para colher o que melhor hÁ¡ neles.
Florence Sipalla é jornalista do Serviço de Features da Mulher e Criança Africana (AWCFS). Este artigo é parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links.
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