Á€frica: Recusando-se a afundar feito o Titanic


Date: May 28, 2012
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O mundo e seus habitantes são como o gigante navio Titanic e seus passageiros na fatÁ­dica noite de 15 de Abril de 1912. Devido ao erro humano e maus cÁ¡lculos naquela noite, o “navio dos sonhos” embateu acidentalmente num iceberg no oceano Atlântico, fazendo com que naufragasse e causasse a morte de milhares e poucos sobreviventes.

Naquela fatÁ­dica noite, navios de pequeno porte tinham avisado a todos os navios para navegarem com extrema cautela devido Á  blocos de gelo na Á¡gua. Mas segundo os seus fabricantes, o navio podia suster qualquer dano e continuar a flutuar. Baptizaram-no de “inafundÁ¡vel”.

Lenta mas seguramente, o mundo estÁ¡ afundando devido Á  subida dos nÁ­veis dos mares como resultado de mudanças climÁ¡ticas. Isto deve-se em grande parte aos erros humanos e maus cÁ¡lculos. Após a Segunda Guerra Mundial nos anos 40, muitos paÁ­ses eram industrializadas ou industrializando-se. Tal actividade requer a queima de carbono como carvão, combustÁ­veis e petróleo para sustentar a produção. O aumento de dióxido de carbono na atmosfera e o abate de Á¡rvores para madeira destrói a camada de ozono que controla o equilÁ­brio da temperatura entre a terra e o sol.

As Á¡rvores jogam um papel importante na limpeza da atmosfera. Entretanto, na África Austral as pessoas concorrem para abater as Á¡rvores para usos diversos mas esquecem-se de replantÁ¡-las.
Tomemos o caso do Zimbabwe. O programa de reforma agrÁ¡ria reivindicou milhÁµes de Á¡rvores Á  medida que “novos” farmeiros construÁ­am novas casas e criavam terra virgem. O Zimbabwe tem também uma economia baseada na agricultura cujo ganhador número um de divisas é o tabaco. Mas o tabaco precisa de ser curado. O processo requer a queima de carvão para secÁ¡-lo. Como a maioria dos farmeiros não pode comprar carvão, recorreu ao abate de Á¡rvores para lenha, o que por sua vez exacerba a desmatação e poluição do ar. Quando a desmatação aumenta ficam poucas Á¡rvores para absorver o dióxido de carbono. Isto causa mudanças climÁ¡ticas.

As mulheres constituem 52% da população e um grande número delas vive em zonas semi-urbanas e rurais. Elas têm invariavelmente acesso Á  informação limitado sobre muitas questÁµes, incluindo mudanças climÁ¡ticas.

O tempo adicional que as mulheres gastam buscando lenha e Á¡gua, cuidando dos doentes e da casa não é qualifica em termos monetÁ¡rios. Isto explica porque muitas mulheres continuam pobres e sem poder económico na África Austral.

Os efeitos das mudanças climÁ¡ticas vão piorar a sua situação. Talvez terão que viajar mais longe para buscar Á¡gua e lenha. A terra não serÁ¡ tão produtiva devido Á  escassez de chuvas. Estas mulheres devem ser informadas sobre as mudanças no clima. Se a informação lhes for passada, podem tomar decisÁµes sobre o que plantar e quando. É isto o que a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climÁ¡ticas significam.

Tanto homens como mulheres devem ser responsÁ¡veis e devolver ao ambiente que é a grande fonte de sustento na África Austral. Isto pode ser feito através de boas prÁ¡ticas de agricultura, plantio de Á¡rvores e encontrar fontes alternativas de energia. Não hÁ¡ nada de errado na criação de uma “nova” farma mas hÁ¡ a necessidade de se substituir Á¡rvores plantando-se mais Á¡rvores para estabelecer um equilÁ­brio. Também não hÁ¡ nada de errado nos homens tomarem o papel de lÁ­der nos cuidados ao ambiente. A guerra contra as mudanças climÁ¡ticas não deve ser deixada Á  sua sorte.

É por isso que apoiamos uma adenda ao Protocolo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre o Género e Desenvolvimento no respeitante ao género e mudanças climÁ¡ticas. O instrumento é progressivo visto estabelecer metas e um calendÁ¡rio para o alcance da igualdade do género na região.

Elaborado antes dos perigos das mudanças climÁ¡ticas e suas implicaçÁµes para que os ganhos frÁ¡geis alcançados pelas mulheres tivessem relevância, o Protocolo da SADC sobre o Género precisa de ser fortalecido para também incluir metas especÁ­ficas sobre desenvolvimento sustentÁ¡vel.

Porque como a falecida prémio Nobel queniana, activista do género e ambiental, Wangari Maathai, disse: “Em algumas décadas, o relacionamento entre o ambiente, recursos e conflito pode parecer tão óbvios como a ligação que vemos hoje entre os direitos humanos, democracia e paz.”

Ela disse também que: “Em geral, as mulheres africanas precisam de saber que estÁ¡ bem para elas serem como são – para verem como são como uma força, e libertarem-se do medo e silêncio.”

Temos vastos recursos naturais e devÁ­amos protegê-los dos perigos das mudanças climÁ¡ticas. Os sinais e avisos de que somos inimigos do ambiente estão Á  vista, mas podemos salvar a nossa região de naufragar devido ao erro humano como foi com o Titanic. Cada passo dado é um passo em frente.

Thabani Dube é uma jornalista freelancer zimbabweana e Saeanna Chingamuka é gestora do Centro do Género e Diversidade dos Média na Gender Links.

 


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