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Os paÁses africanos preparam-se para juntar-se ao resto do mundo na Cimeira do Rio +20 para entre outros avaliar o impacto das mudanças climÁ¡ticas contra o espectro de preocupaçÁµes sobre o uso de energia solar, actualmente a ganhar rÁ¡pida popularidade nos paÁses africanos, que chegou a ser anunciada como a solução ambiental Á s necessidades energéticas do mundo.
Juntamente com percepçÁµes anteriores de amiga do ambiente, a energia solar é comercializada como energia barata para empresas e famÁlias em locais de recursos pobres, especialmente em regiÁµes tais como a África Austral e Oriental. Entretanto, os cientistas agora avisam-nos de que a energia solar não é tão limpa assim. De facto, argumentam, pode estar a contribuir para a poluição ambiental e doenças em mulheres e crianças.
Na cimeira de Rio, haverÁ¡ organizaçÁµes que organizarão vÁ¡rias actividades e reuniÁµes para falar de quão importante a energia solar e outras energias renovÁ¡veis são, mas muitas estão caladas quanto aos inconvenientes destas energias, tais como o envenenamento por chumbo.
O problema é que a energia solar depende muito em baterias de chumbo para armazenar a energia que o sol cria. Um estudo recente adverte que isto significa que a energia solar contribui para a poluição da atmosfera e não para a sua redução.
Dando o exemplo da China e Ándia, os autores do estudo, Chris Cherry, professor assistente na Universidade de Tennessee, e Perry Gottesfeld, da OK Internacional, argumentam que a dependência da energia solar em baterias de chumbo tem o potencial de emitir mais de 2.4 milhÁµes de toneladas de poluição de chumbo nos dois paÁses.
Publicando recentemente no Jornal de PolÁticas de Energia, os autores dizem que isto afectarÁ¡ negativamente a saúde pública e contaminarÁ¡ o ambiente. Por sua vez, isto aumentarÁ¡ o fardo de doenças, que costuma ser assumido por mulheres como cuidadoras.
O envenenamento por chumbo pode levar a efeitos adversos sobre o sistema reprodutivo das mulheres e homens, bem como provocar dificuldades de aprendizagem, e comportamento hiperactivo e violento em crianças. Os estudos mostram que elevados nÁveis de chumbo em mulheres grÁ¡vidas podem causar abortos espontâneos, bebés prematuros ou com baixo peso. Em homens, pode levar Á infertilidade resultando numa baixa contagem de espermatozoides, morfologia e motilidade pobre dos espermas.
Em muitos casos, a infertilidade em homens resulta num aumento da violência contra a mulher, especialmente nas sociedades africanas onde não se considera que os homens podem ser inférteis e as mulheres recebem toda a culpa por não conceber.
Todavia, o Dr Joshua Noreh, um especialista em fertilidade que gere o Centro IVF de Nairobi, diz que quase metade dos resultados de infertilidade são de homens. Acrescenta que em vÁ¡rias ocasiÁµes aconselhou mulheres espancadas e abusadas pelos maridos e sograria porque são “inférteis.”
“HÁ¡ vezes em que fazes testes e vês que a mulher estÁ¡ perfeitamente normal. Para descobrir mais tarde quando fazemos anÁ¡lises de espermas de que o homem tem uma pobre qualidade de espermas ou contagem de esperma baixa, daÁ a causa da infertilidade,” diz Dr Noreh.
Em crianças, os sinais clÁ¡ssicos e sintomas de envenenamento por chumbo são a perda de apetite, dores abdominais, vómitos, perda de peso, anemia, problemas de fÁgado e irritabilidade. Tais crianças debatem-se com sérios impedimentos de desenvolvimento, incluindo dificuldades em falar e usar palavras. Vivendo numa sociedade em que as mulheres são as principais cuidadoras, um aumento do fardo de doença em crianças pode acrescentar mais carga de trabalho aos jÁ¡ existentes altos nÁveis de trabalho.
PaÁses como o Quênia estabeleceram 2017 como o prazo para caminharem rumo Á energia verde. A energia solar é uma forma chave desta energia. Porque o envenenamento por chumbo é uma das causas de infertilidade em homens, pobres resultados na saúde reprodutiva das mulheres, aumento do fardo de doenças em crianças, todos os esforços devem ser no sentido de abordar esta questão com a seriedade que merece. Mesmo se decidirmo-nos sobre as famigeradas energias seguras, precisamos de interrogarmo-las a fundo.
A publicação dos resultados de Cherry e Gottesfeld é crÁtica porque surge numa altura em que vÁ¡rios investidores vêem aos paÁses da África Austral e Oriental estabelecer empresas que oferecerão painéis solares e outros dispositivos. No Quênia, por exemplo, existem mais de 18 empresas fabricando e vendendo equipamento solar no paÁs.
FamÁlias e empresas na África Austral e Oriental instalaram painéis solares para darem a volta Á s racionalizaçÁµes de energia eléctrica e altos custos de electricidade. Em zonas rurais onde a electricidade não chega para muitos, as pessoas estão a recorrer Á energia solar como uma alternativa. Os peritos dessa indústria estimam que mais de um milhão de casas na África Oriental instalaram sistemas de energia solar, esperando-se que mais pessoas emigrem para a energia solar contra a alta da factura de electricidade.
Por ora, o mercado da África Austral e Oriental estÁ¡ cheio de painéis solares, luzes solares, lanternas solares, carregadores solares de celulares, rÁ¡dios solares, televisores, fachos solares, e outros dispositivos. Isto significa um aumento na demanda de baterias de chumbo.
Porém, é importante notar que a energia solar tem um imenso impacto positivo em muitas Á¡reas onde se pode melhorar o bem-estar das mulheres e crianças. Nas zonas remotas de muitos paÁses africanos, a energia solar torna muitas coisas possÁveis: por exemplo, as vacinas podem agora ser armazenadas em geleiras alimentadas por energia solar, reduzindo significativamente as quebras e ajudando a baixar a mortalidade infantil e doenças.
O negócio solar também estÁ¡ a gerar emprego para muitos jovens, incluindo mulheres. Entre os Maasai do Quênia, por exemplo, cinco mulheres ganham a vida instalando painéis para as pessoas da sua comunidade e vizinhança.
O que se requer é um mecanismo que assegure que a energia solar e baterias de chumbo são utilizadas de forma amigÁ¡vel ao ambiente que proteja os interesses de saúde e económicos das mulheres e crianças.
“Sem melhorias, estÁ¡ mais do que claro que o uso de baterias de chumbo contribuirÁ¡ para a contaminação do ambiente e envenenamento por chumbo entre trabalhadores e crianças,” Cherry citado no Science Daily, um jornal electrónico publicado nos Estados Unidos.
Como indicou, “precisa-se de investimentos em controles ambientais na indústria de baterias de chumbo, juntamente com melhorias nas polÁticas de devolução de baterias para complementar a disponibilização de energia solar nesses paÁses.”
É óbvio que hÁ¡ muitos benefÁcios da energia solar mas o que se requer é tê-la produzida e utilizada de forma responsÁ¡vel que em última instância protegerÁ¡ o ambiente, e proteger mulheres e crianças.
Arthur Okwemba é um escritor vinculado ao Serviço de features da Mulher e Criança Africana (AWCFS)
Comment on África: Uma perspective do género sobre inconvenientes de energia solar