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“Cuidado com a drenagem das Á¡guas pluviais!” adverte um sinal ao longo da rota escolhida pelos activistas do género, marcando o inÁcio da campanha dos 16 Dias de Activismo com a marcha “Reivindicar a Noite” em Alexandra, Joanesburgo.
O notoriamente poluÁdo rio Juskei que atravessa este bairro densamente populoso, e de baixa renda e vizinho do bairro nobre de Sandton, no maior metrópole da África Austral, testemunhou os piores casos de violação e assassinatos em Joanesburgo.
O acender das velas ao longo das margens não podia ser mais simbólico visto que na altura o mundo descia para a cidade sul-africana de Durban para discutir e negociar, entre outros, a questão do cometimento ao Protocolo de Quioto, que expira em 2012.
A ministra sul-africana das Águas e Assuntos Ambientais, Edna Molewa, comparou o paÁs a um estudante a espera de um exame. As negociaçÁµes tinham que determinar se os esforços para levar os paÁses ricos a comprometerem-se em reduzir as emissÁµes de carbono seriam exitosas.
2012 marca o vigésimo aniversÁ¡rio da Cimeira do Rio que previu as terrÁveis consequências de um injusto consumo dos recursos naturais do mundo. Só na África do Sul, segundo um documento intitulado Resposta Nacional Á s Mudanças ClimÁ¡ticas, prevê-se que as temperaturas aumentem entre três e quatro graus ao longo da costa, e entre seis e sete graus no interior até 2050, o que terÁ¡ grandes implicaçÁµes na pobreza, segurança alimentar e nos frÁ¡geis esforços para a criação de uma sociedade justa.
O ano marca também o vigésimo primeiro aniversÁ¡rio da campanha 16 Dias do Activismo. Os activistas do género questionam se hÁ¡ alguma ligação entre a violação do ambiente e a sexual.
As questÁµes estão estreitamente ligadas e levaram a Gender Links a adoptar o slógan “A Paz começa em casa: Género e Justiça ClimÁ¡tica até 2015” – o prazo dos Objectivos de Desenvolvimento do Milênio, e das 28 metas estabelecidas pelo Protocolo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre o Género e Desenvolvimento.
Esta ligação é claramente evidente em Alexandra, um dos ambientes mais poluÁdos e degradados da África do Sul; e também com as mais altas taxas de violência baseada no género.
Com 150.000 habitantes em casas precÁ¡rias, Alexandra é um subúrbio de grande densidade populacional, consistindo em um pedaço de terra rectangular localizado cerca de 16 quilometros ao norte do centro de Joanesburgo. A Á¡rea é singela visto ser o único bairro de negros de Joanesburgo, situado próximo das indústrias e uma gama de infraestrutura de caracterÁsticas urbanas.
O ambiente joga um papel na saúde fÁsica e psicológica. Actualmente, associa-se Alexandra ao crime e violência. Dados dos Serviços da PolÁcia Sul-Africana mostram que os nÁveis de assassinatos, estupro, roubos e arrombamentos domiciliÁ¡rios excedem a média nacional.
Embora o rio Juskei oferece oportunidades para actividades recreativas para os membros de Alexandra e outras comunidades, as pesquisas sobre a qualidade de Á¡gua indicam que o rio estÁ¡ extremamente cheio de lixo e poluÁdo, sendo um pesadelo e grave risco de saúde para todos que a usam.
As inundaçÁµes afectam Alexandra todos os anos. Ergueu-se um grande número de habitaçÁµes informais dentro das linhas de inundação do rio Juskei. Os nÁveis de Á¡gua sobem rapidamente durante os perÁodos de fortes chuvas, arrastando as habitaçÁµes ao longo das margens. Mulheres e crianças são as mais afectadas por deslocaçÁµes internas e doenças – cólera, diarreia e outras doenças transmitidas pela Á¡gua.
Os esforços na luta pela justiça climÁ¡tica e do género nesta vizinhança são como duas gémeas. Desde 2010, o departamento provincial de agricultura, o municÁpio de Joanesburgo e a instituição que vela dos parques da cidade lançaram o projecto de Limpeza do Montante do Rio Juskei que envolveu uma grande proporção de mulheres, campanha de sensibilização porta a porta e educação.
Graças ao trabalho da ADAPT, uma ONG de justiça do género baseada na comunidade que tem tido sucessos engajando os homens pela mudança, os nÁveis de violência baseada no género e crime estão a decrescer. Os membros da comunidade formaram uma equipa de vigilância de 24 horas como parte de um programa chamado Letsiba. “O crime violento estabilizou em Alexandra,” disse Thomas Sithole, president do Fórum de Policiamento ComunitÁ¡rio de Alexandra. “Vamos fazer questão que o crime não escale.”
Todos os discursos durante a marcha “Reivindicar a Noite” falavam da necessidade de se reconquistar a alma deste bairro histórico, uma relÁquia das injustiças da era do apartheid, através de justiça do género e ambiental.
“Oceanos de justice e rios de justeza” – foram metÁ¡foras ambientais tiradas do texto bÁblico e lidas na marcha – prenderam a imaginação dos residentes de Alexandra. Esperava-se que também fossem capazes de inspirar os lÁderes mundiais rodeados pelo bonito oceano e rios de Durban.
Colleen Lowe Morna é a Presidente do Conselho de dministração da Gender Links.
📝Read the emotional article by @nokwe_mnomiya, with a personal plea: 🇿🇦Breaking the cycle of violence!https://t.co/6kPcu2Whwm pic.twitter.com/d60tsBqJwx
— Gender Links (@GenderLinks) December 17, 2024
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