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Participaram muita mulheres lÁderes na Conferência das Partes (COP 17) em Durban, África do Sul, durante as discussÁµes sobre as mudanças climÁ¡ticas. Por exemplo, a secretÁ¡ria executiva da UNFCCC (Convenção Quadro das NaçÁµes Unidas sobre Mudanças ClimÁ¡ticas), Christiana Figueres, e a Ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros e Presidente da COP 17, Maite Nkoana-Mashabane, apenas para mencionar algumas. Porém, houve uma mulher cuja ausência foi notÁ¡vel. É seguro dizer que, se ainda estivesse viva, a primeira prêmio Nobel africana, a falecida professora Wangari Maathai, poderia ter-se feito ouvir em Durban.
Mulheres quenianas, lideradas pela Associação de Deputadas Quenianas (KEWOPA) e outros grupos da sociedade civil, comemoraram a vida de Maathai num evento paralelo realizado em Nairobi, antes da conferência, no Uhuru Park.
Mulheres provenientes de 47 distritos e outras representando 30 organizaçÁµes da sociedade civil plantaram Á¡rvores em 71 locais identificados pelos Serviços Florestrais do Quênia para celebrar os 71 anos que Maathai tinha quando perdeu a vida. Entre as presentes estava a possÁvel candidata Á s eleiçÁµes presidenciais, Martha Karua, e a presidente da Maendeleo ya Wanawake, Rukia Subow.
O parque foi sempre um lugar especial para o legado de Wangari Maathai. Ela foi instrumental em assegurar a sua existência quando o governo do dia então quis construir um arranha-céus no local. Ela contestou a decisão do executivo, levando o então presidente a observar depreciativamente que “não podem as mulheres reinar num parque delas mesmo?”
Uhuru Park testemunhou mas do que a sua parte da história. Foi num canto do parque, Freedom Corner, onde Maathai liderou as mães de prisioneiros polÁticos e outros simpatizantes numa greve de fome para obrigar a libertação dos seus filhos. E após as eleiçÁµes de 2002 foi o local escolhido pelo Presidente Moi, que tinha governado Quênia durante 24 anos, passar o testemunho a Kibaki, e foi o sÁtio onde a nova constituição queniana foi promulgada no dia 27 de Agosto de 2011. Tristemente, Uhuru Park foi o local onde o governo queniano realizou o funeral de estado em honra de Wangari Maathai quando esta morreu de cancro do colo do útero em Setembro de 2011.
O parque é simbólico do tipo de liderança que precisamos. Precisamos de lÁderes conscientes das necessidades para uma energia verde e para preservar o nosso ambiente para futuras geraçÁµes, lÁderes que têm a coragem de participar plenamente nas negociaçÁµes sobre as mudanças climÁ¡ticas de modo a assegurar um mundo melhor e a mitigação das mudanças climÁ¡ticas.
Falando no evento em nome da famÁlia de Maathai, Beatrice Ngendo fez um discurso emotivo.
“Como famÁlia de Wangari, as emoçÁµes de perder uma mãe não podem ser exprimidas por palavras, contudo, estamos gratos a vocês mulheres do Quênia, por todo o apoio que nos deram. Embora a nossa mãe jÁ¡ não estÁ¡ entre nós, vocês estão e têm estado connosco,” disse Ngendo.
“Wangari condenou os destruidores de Á¡rvores que nós plantamos. Apelamos-vos que ajudem o movimento Greenbelt a ajudar-nos a continuar com os nossos sonhos,” disse, apelando Á s mulheres a continuar a apoiar os esforços de conservação de Maathai através da organização que fundou.
Rachel Kagoiya é uma jovem queniana que esteve na COP 17. No seu ponto de vista, se Maathai tivesse estado, teria ficado feliz por a conferência ter voltado para África. A última vez que África realizou a conferência foi em 2006, em Nairobi, quando muitos não viam as mudanças climÁ¡ticas como uma questão real.
“Ela teria dito que era uma boa coisa que estamos em solo africano. É um tempo oportuno para que nós, os africanos, peguemos no assunto e digamos que as mudanças climÁ¡ticas são reais – estão a impactar sobre o nosso meio de sustento e precisamos de trabalhar juntos para lidar com elas.”
Para Kagoiya, Maathai podia ter desempenhado o papel de Á¡rbitro que tentou jogar nos primeiros dias da democracia multipartidÁ¡ria no Quênia, onde apelou aos candidatos presidenciais da oposição a unirem-se e consolidarem os votos para ganharem as eleiçÁµes contra o incumbente. Segundo Kagoiya, ela teria dito: “Somos povo, é o nosso planeta, salvemo-lo.”
Esther Kagure, uma docente a doutorando-se em Mudanças ClimÁ¡ticas e Turismo na Universidade Kenyatta, também uma das delegadas, concordou que a visão de Maathai podia ter sido uma de unir as partes. Kagure argumentou que ela podia ter chamado a todos os parceiros para trabalharem juntos e salvar o mundo HOJE.
“Se não conservarmos hoje, amanhã a fauna, biodiversidade e sustentos estarão perdidos,” disse.
Estas mulheres aludem aos pontos que deviam ser o enfoque as discussÁµes e não sobre o poder que cada um tem, quem começou a poluir o ambiente, ou quem deve pagar, mas sobre como se assegurar a mitigação e cooperação apesar das nossas diferenças. É para o bem comum da comunidade global lidar com a questão antes que pior.
Aprendemos de Wangari Maathai que Á sua maneira pequena, cada um de nós pode fazer algo, por mais pequena que seja, para contribuir na conservação do ambiente. Citando do Beija-flor, uma narrativa oral que ela produziu, a professora Maria Nzomo do Conselho Nacional das Mulheres do Quênia, disse no Uhuru Park que “o beija-flor estava na floresta quando o incêndio começou. Decidiu fazer algo. Carregou Á¡gua no seu bico para apagar o fogo enquanto os outros animais riam-se dos seus esforços.
Nzomo apelou Á s mulheres para fazerem o que cada uma podia para conservar o ambiente. “Podem fazer a diferença onde quer que estejam, conservando as nossas Á¡rvores. Façamos o pouco que podemos fazer no espaço que o universo nos providenciou,” disse Nzomo. “Podem ser um pequeno beija-flor Á vossa pequena maneira.”
Florence Sipalla é uma jornalista com o Serviço de Festures da Mulher e Criança Africanas(AWCFS), escreveu o artigo com reportagem adicional de Omwa Ombara. Este artigo faz parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links.
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