Internacional: A visão verde de Wangari Maathai continua viva


Date: May 30, 2012
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Participaram muita mulheres lÁ­deres na Conferência das Partes (COP 17) em Durban, África do Sul, durante as discussÁµes sobre as mudanças climÁ¡ticas. Por exemplo, a secretÁ¡ria executiva da UNFCCC (Convenção Quadro das NaçÁµes Unidas sobre Mudanças ClimÁ¡ticas), Christiana Figueres, e a Ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros e Presidente da COP 17, Maite Nkoana-Mashabane, apenas para mencionar algumas. Porém, houve uma mulher cuja ausência foi notÁ¡vel. É seguro dizer que, se ainda estivesse viva, a primeira prêmio Nobel africana, a falecida professora Wangari Maathai, poderia ter-se feito ouvir em Durban.

Mulheres quenianas, lideradas pela Associação de Deputadas Quenianas (KEWOPA) e outros grupos da sociedade civil, comemoraram a vida de Maathai num evento paralelo realizado em Nairobi, antes da conferência, no Uhuru Park.

Mulheres provenientes de 47 distritos e outras representando 30 organizaçÁµes da sociedade civil plantaram Á¡rvores em 71 locais identificados pelos Serviços Florestrais do Quênia para celebrar os 71 anos que Maathai tinha quando perdeu a vida. Entre as presentes estava a possÁ­vel candidata Á s eleiçÁµes presidenciais, Martha Karua, e a presidente da Maendeleo ya Wanawake, Rukia Subow.

O parque foi sempre um lugar especial para o legado de Wangari Maathai. Ela foi instrumental em assegurar a sua existência quando o governo do dia então quis construir um arranha-céus no local. Ela contestou a decisão do executivo, levando o então presidente a observar depreciativamente que “não podem as mulheres reinar num parque delas mesmo?”

Uhuru Park testemunhou mas do que a sua parte da história. Foi num canto do parque, Freedom Corner, onde Maathai liderou as mães de prisioneiros polÁ­ticos e outros simpatizantes numa greve de fome para obrigar a libertação dos seus filhos. E após as eleiçÁµes de 2002 foi o local escolhido pelo Presidente Moi, que tinha governado Quênia durante 24 anos, passar o testemunho a Kibaki, e foi o sÁ­tio onde a nova constituição queniana foi promulgada no dia 27 de Agosto de 2011. Tristemente, Uhuru Park foi o local onde o governo queniano realizou o funeral de estado em honra de Wangari Maathai quando esta morreu de cancro do colo do útero em Setembro de 2011.

O parque é simbólico do tipo de liderança que precisamos. Precisamos de lÁ­deres conscientes das necessidades para uma energia verde e para preservar o nosso ambiente para futuras geraçÁµes, lÁ­deres que têm a coragem de participar plenamente nas negociaçÁµes sobre as mudanças climÁ¡ticas de modo a assegurar um mundo melhor e a mitigação das mudanças climÁ¡ticas.
Falando no evento em nome da famÁ­lia de Maathai, Beatrice Ngendo fez um discurso emotivo.

“Como famÁ­lia de Wangari, as emoçÁµes de perder uma mãe não podem ser exprimidas por palavras, contudo, estamos gratos a vocês mulheres do Quênia, por todo o apoio que nos deram. Embora a nossa mãe jÁ¡ não estÁ¡ entre nós, vocês estão e têm estado connosco,” disse Ngendo.
“Wangari condenou os destruidores de Á¡rvores que nós plantamos. Apelamos-vos que ajudem o movimento Greenbelt a ajudar-nos a continuar com os nossos sonhos,” disse, apelando Á s mulheres a continuar a apoiar os esforços de conservação de Maathai através da organização que fundou.

Rachel Kagoiya é uma jovem queniana que esteve na COP 17. No seu ponto de vista, se Maathai tivesse estado, teria ficado feliz por a conferência ter voltado para África. A última vez que África realizou a conferência foi em 2006, em Nairobi, quando muitos não viam as mudanças climÁ¡ticas como uma questão real.

“Ela teria dito que era uma boa coisa que estamos em solo africano. É um tempo oportuno para que nós, os africanos, peguemos no assunto e digamos que as mudanças climÁ¡ticas são reais – estão a impactar sobre o nosso meio de sustento e precisamos de trabalhar juntos para lidar com elas.”

Para Kagoiya, Maathai podia ter desempenhado o papel de Á¡rbitro que tentou jogar nos primeiros dias da democracia multipartidÁ¡ria no Quênia, onde apelou aos candidatos presidenciais da oposição a unirem-se e consolidarem os votos para ganharem as eleiçÁµes contra o incumbente. Segundo Kagoiya, ela teria dito: “Somos povo, é o nosso planeta, salvemo-lo.”

Esther Kagure, uma docente a doutorando-se em Mudanças ClimÁ¡ticas e Turismo na Universidade Kenyatta, também uma das delegadas, concordou que a visão de Maathai podia ter sido uma de unir as partes. Kagure argumentou que ela podia ter chamado a todos os parceiros para trabalharem juntos e salvar o mundo HOJE.

“Se não conservarmos hoje, amanhã a fauna, biodiversidade e sustentos estarão perdidos,” disse.
Estas mulheres aludem aos pontos que deviam ser o enfoque as discussÁµes e não sobre o poder que cada um tem, quem começou a poluir o ambiente, ou quem deve pagar, mas sobre como se assegurar a mitigação e cooperação apesar das nossas diferenças. É para o bem comum da comunidade global lidar com a questão antes que pior.

Aprendemos de Wangari Maathai que Á  sua maneira pequena, cada um de nós pode fazer algo, por mais pequena que seja, para contribuir na conservação do ambiente. Citando do Beija-flor, uma narrativa oral que ela produziu, a professora Maria Nzomo do Conselho Nacional das Mulheres do Quênia, disse no Uhuru Park que “o beija-flor estava na floresta quando o incêndio começou. Decidiu fazer algo. Carregou Á¡gua no seu bico para apagar o fogo enquanto os outros animais riam-se dos seus esforços.

Nzomo apelou Á s mulheres para fazerem o que cada uma podia para conservar o ambiente. “Podem fazer a diferença onde quer que estejam, conservando as nossas Á¡rvores. Façamos o pouco que podemos fazer no espaço que o universo nos providenciou,” disse Nzomo. “Podem ser um pequeno beija-flor Á  vossa pequena maneira.”

Florence Sipalla é uma jornalista com o Serviço de Festures da Mulher e Criança Africanas(AWCFS), escreveu o artigo com reportagem adicional de Omwa Ombara. Este artigo faz parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links.

 


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