Moçambique: FamÁ­lias perdem fonte de sobrevivência


Date: May 30, 2012
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Maputo, Abril de 2012 – Pescadores e público têm vindo a reclamar da escassez de pescado na BaÁ­a de Maputo. O senso comum culpa as mudanças climÁ¡ticas, um fenómeno que se caracteriza pela modificação no clima, atribuÁ­da directa ou indirectamente Á s actividades humanas causando a alteração da atmosfera global, e observada e comprada durante longos perÁ­odos de tempo.

Bem, estou pessoalmente preocupada com o âmbito da actividade humana. Por exemplo, serÁ¡ que o problema da escassez de mariscos tem a ver com as mudanças climÁ¡ticas? Ou terÁ¡ a ver com o tipo de redes que os pescadores usam na pesca? Se se considerar que existem pescadores que usam redes mosquiteiras para a pesca, não seria de todo legÁ­timo questionar se esta prÁ¡tica não contribui para a escassez do pescado porque muito peixe enquanto miúdo, o que significa que não completam o seu ciclo de vida.

Um segundo aspecto a considerar é o dos mangais – hÁ¡ muito mangal que estÁ¡ a ser abatido para dar lugar a construçÁµes de mansÁµes. Os mangais têm o papel importante de serem o habitat de procriação de camarão, e de travarem a invasão das Á¡guas do mar, evitando a erosão dos solos.

Penso que de algum modo estes aspectos concorrem para que o pescado comece a escassear, o que tem trazido danos e transtornos para os pescadores e para os comerciantes, cuja base de subsistência é o peixe.

Peguemos o caso de Victória Jorge Tembe. Ela é uma viúva de 58 anos, com oito filhos e três netos, estes últimos vivendo sob a sua responsabilidade. Começou a viver da venda de peixe hÁ¡ 38 anos, quando havia peixe a fartura. Dantes conseguia comprar as quantidades que quisesse mas hoje só consegue apenas quatro quilos por dia.

Da venda do peixe, Tembe consegue arrecadar 200 meticais por dia para o sustento da sua famÁ­lia. Porém, hÁ¡ dias que é uma tremenda depressão, porque os pescadores vão ao mar e voltam sem peixe, aÁ­ fica desolada e aflita.

“HÁ¡ meses que passo dificuldades ao ponto de cortarem o fornecimento de Á¡gua por falta de dinheiro, enquanto nos anos anteriores conseguia boa quantidade de peixe e vendia em hotéis e restaurantes”, referiu.

Face Á  escassez do seu único meio de sobrevivência, Tembe não perdeu a oportunidade para deixar um recado ao Ministro das Pescas “para que se inteire mais no assunto para que não passemos mal nos próximos anos.”

Penso que é altura de o governo definir estratégias e programas concretos para a produção e conservação do pescado, não só para alimentar o mercado em tempo de escassez, como para colmatar o défice do pescado devido Á s mudanças climÁ¡ticas que afectam a oferta do peixe e outros mariscos.

Por outro lado, é importante que o governo e outros actores sociais mobilizem e consciencializem as populaçÁµes envolvidas na pesca a utilizarem prÁ¡ticas pesqueiras que não afectem a vida marinha e nem do pescado.

A escassez do pescado que tanto pode ser causado pelas mudanças climÁ¡ticas como pela pressão humana acaba afectando sobremaneira as mulheres visto ser uma das suas fontes de rendimento, pelo que, é necessÁ¡rio que ao se desenhar polÁ­ticas nesta Á¡rea se tome em conta as necessidades das mulheres.

Hamina Lacal é uma jornalista do Jornal Expresso. Este artigo faz parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links, oferecendo-te novas perspectivas sobre notÁ­cias do dia-a-dia

 

 


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