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A perspectiva é, particularmente, ruim na bacia do Limpopo, que abrange partes de Botsuana, África do Sul, Zimbabué e Moçambique, numa Á¡rea habitada por cerca de 14 milhÁµes de pessoas.Um estudo de Cientistas do Programa Desafio para Água e Comida (PDAC), uma entidade mundial de pesquisas agrÁcolas, divulgado nas vésperas da Cimeira de Durban sobre mudanças climÁ¡ticas, realizada em finais do ano passado, dava conta de que dez bacias hidrogrÁ¡ficas no mundo registariam escassez de Á¡gua, nos próximos tempos, situação resultante das mudanças climÁ¡ticas.
O estudo centrou-se em três bacias hidrogrÁ¡ficas africanas e mais sete da Ásia e América Latina. A bacia do Rio Limpopo é uma cujo futuro se antevê extremamente preocupante. Prevê-se uma alteração na disponibilidade de Á¡gua; ou o rio poderÁ¡ secar devido Á queda irregular da chuva e a acentuada evaporação, a ser originada pelo aumento da temperatura.
E estranhamente, esta informação foi mais veiculada nos paÁses da América Latina que também seriam afectados, pois algumas das suas bacias teriam falta de Á¡gua. CÁ¡ entre nós, em Moçambique, pouco se falou, o que deixa uma interrogação sobre o que estarÁ¡ a ser feito para minimizar o impacto negativo da possÁvel escassez de Á¡gua no Rio Limpopo.
Sabe-se que esta bacia cobre a África de Sul (44 por cento), Moçambique (21 por cento), Botsuana (20 por cento) e Zimbabwe (15 por cento). Olhando para os 21 por cento de Moçambique, pode se imaginar quantos dos 14 milhÁµes de habitantes da região da bacia ficarão afectados – serão quase três milhÁµes de moçambicanos.
Uma cifra considerÁ¡vel e elevada ainda serÁ¡ o número de mulheres que verão o decurso de suas vidas complicado. Muitas mulheres em Gaza ficarão privadas das suas actividades rotineiras e a vida tornar-se-Á¡ ainda mais complicada para este grupo social. As estatÁsticas evidenciam que a maioria da população moçambicana são mulheres e a provÁncia de Gaza não foge Á regra.
O Rio Limpopo fornece Á¡gua para o consumo, para irrigação dos campos, e também é um local para a prÁ¡tica da pesca, cujas espécies de peixe aÁ obtidos podem servir de renda para os habitantes da Á¡rea. Indiscutivelmente, a mulher é que serÁ¡ a maior vÁtima deste efeito de mudanças climÁ¡ticas.
A escassez de Limpopo coloca a mulher numa situação delicada, o que significarÁ¡ o aumento da distância para a busca do precioso lÁquido. Isto obrigarÁ¡ a elas a abdicarem de outras actividades não menos importante.
Para o caso da rapariga, ela poderÁ¡ correr o risco de ver a sua educação sacrificada, tendo em conta o facto de Gaza ser um local onde o machismo é mais evidente ao nÁvel do paÁs. Esta situação continuarÁ¡ a colocar a mulher numa situação de vulnerabilidade, pois a educação é a base de desenvolvimento de qualquer povo.
A prÁ¡tica da agricultura serÁ¡ mais difÁcil devido Á seca, esperando-se uma estiagem que colocarÁ¡ muitas famÁlias na miséria. “Em algumas partes do Limpopo, nem mesmo a adopção disseminada de inovaçÁµes como a irrigação por gotejamento pode ser suficiente para contrabalançar os esforços negativos das mudanças climÁ¡ticas sobre a disponibilidade hÁdrica”, disse na ocasião da divulgação do estudo, Simon Cook, do Centro Internacional de Agricultura Tropical.
A mulher é que mais sentirÁ¡ na pele o facto de a agricultura poder ser impraticÁ¡vel, pois o cultivo da terra é uma actividade cuja primeira cara visÁvel é a das mulheres. SerÁ¡ mais difÁcil ela encontrar alimentos para a famÁlia e a dependência em relação ao marido poderÁ¡ se acentuar.
A escassez de Á¡gua no Limpopo poderÁ¡ significar menos renda para as mulheres, visto que algumas se dedicam Á compra e venda de espécies de peixes dali obtidas. Visivelmente, o futuro é menos risonho para as mulheres em Gaza.
Todavia, o que mais me preocupa é a indiferença de quem é de direito face a esta previsão que a médio prazo poderÁ¡ tornar-se realidade. HÁ¡ necessidade de encontrar formas de minimizar as consequências disso, apostando no aumento de furos de Á¡gua, acompanhado por campanhas de sensibilização das populaçÁµes para o uso racional deste recurso precioso.
Por outro lado, é preciso que se tracem polÁticas de cada vez mais fomento da piscicultura, em tanques, para que as populaçÁµes, principalmente as mulheres, continuem a ter a renda através da venda de peixe, mesmo com a escassez de Á¡gua no Limpopo.
No domÁnio da agricultura torna-se necessÁ¡rio investigar mais sementes tolerantes Á seca para fazer face a este cenÁ¡rio.
Enfim, a seca da bacia do Limpopo é a outra face das mudanças climÁ¡ticas e é outro exemplo inequÁvoco de que as mulheres é que são as maiores vitimas deste fenómeno. No entanto, precisamos agir o mais rÁ¡pido possÁvel para que quando chegar a altura disso acontecer, o impacto não ser tão dramÁ¡tico conforme os cientistas antevêem.
Simon Francisco é jornalista do DiÁ¡rio de Moçambique. Este artigo é parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links
GL Special Advisor @clowemorna opens the floor & breaks the ice in welcoming all the different grantees with their country's @WVLSouthAfrica Conference#GenderEqaulity#CSW69 pic.twitter.com/P9zDtXcIAy
— Gender Links (@GenderLinks) March 5, 2025
Comment on Moçambique: Limpopo seca, futuro sombrio para as mulheres de Gaza