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Maputo, 28 de Novembro de 2012 À“ Mais uma vez o mundo estÁ¡ a celebrar os 16 Dias do Activismo contra a Violência Baseada no Género, e certamente que mais uma vez o viés é de tal sorte que muitos homens sentirão que é “coisa de mulheresÀ.
Os 16 Dias de Activismo celebram a luta contra a Violência Baseada no Género, o mesmo que dizer luta contra a violência contra a mulher e rapariga visto estes serem os grupos mais vulnerÁ¡veis a todos tipos de violência, perpetradas quer pelos seus parceiros/parentes quer por desconhecidos.
Mas porque se diz que é “coisa de mulheresÀ? Durante muito tempo a luta pela promoção da igualdade e equidade do género foi campeado por feministas e organizaçÁµes feministas. Até que é possÁvel perceber a racionalidade das feministas: o mundo como o conhecemos é construÁdo socialmente com base num modelo androcêntrico centrado nos valores masculinos.
E foi com base nessa constatação que movimentos feministas iniciaram a sua luta pela promoção da igualdade e equidade do género no sentido de se desconstruir este modelo, e construir-se um novo tipo de sociedade imbuÁdo de valores masculinos e femininos.
Portanto, tem sido essa a luta das feministas e movimentos feministas. Todavia, muitas delas vêm o homem como o culpado e a mulher a vÁtima, sendo que, quase todos os programas visando promover a igualdade e equidade do género não olham para o homem como aliado mas sim como um inimigo.
Apesar de vÁ¡rios homens estarem sensibilizados ao ponto de também entrar na luta pela promoção da igualdade e equidade do género, ainda assim as feministas os olham com alguma suspeição. Quanto Á mim, acaba sendo este tipo de mentalidade que afasta alguns homens comprometidos em ver uma sociedade mais igualitÁ¡ria sob o ponto de vista do género.
Não hÁ¡ dúvidas que mais e mais homens estão a ganhar consciência do problema e a aceitar que é preciso modificar o androcentrismo caracterÁstico nas nossas sociedades. São esses que dão a cara e falam directamente com os demais homens que continuam a transmitir Á sociedade os seus valores androcêntricos. São esses que procuram lutar contra todo o edifÁcio estrutural que suporta o androcentrismo, e são invariavelmente acusados de ser traidores.
As grandes campanhas mostraram que só podem ser ganhas se as mulheres e homens estiverem a caminhar de mãos dadas. A própria guerra de libertação nacional de Moçambique só foi possÁvel devido ao envolvimento de ambos os homens e mulheres. Se homens e mulheres consciencializados lutarem por um objectivo comum, é possÁvel que a vitória não se torne uma miragem.
Ademais, se actualmente quem detém o poder e estÁ¡ em lugares de tomada de decisÁµes é o homem, não faz mais sentido trabalhar com homens no sentido de estes influenciar esse governante a ater-se Á esta problemÁ¡tica da promoção da igualdade e equidade do género?
É necessÁ¡rio que a mulher perceba que tanto ela como o homem são vÁtimas do modelo androcêntrico, e que quando se lhe aparece um homem que esteja a tentar soltar-se das amarras que o modelo o impôs, este homem deve ser abraçado como um companheiro de luta e não como mais um inimigo.
Existem hoje homens na nossa sociedade que estão a ficar transformados e a quererem se engajar na promoção da igualdade e equidade do género, discutindo formas de acabar com estereótipos de masculinidade, que contribuem para a violência contra as mulheres, e promover discussÁµes sobre paternidade, saúde e violência.
Mas o mais importante sob o ponto de vista polÁtico, é se elaborar polÁticas que envolvam o homem na promocão da igualdade do género. Tais polÁticas possibilitariam aos homens serem capazes de articular propostas que fossem alimentar as jÁ¡ existentes mas só olham para o problema sob o ponto de vista feminista.
Penso eu que só assim é que caminhando lado a lado e de mãos dadas como homens e mulheres empenhados na mesma causa é que se pode deixar de olhar para a questão da luta pela promoção da igualdade e equidade do género como uma “coisa de mulheresÀ
Bayano Valy é o editor do Serviço Lusófono de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links. Este artigo faz parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da GL.
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Comment on Moçambique: Porque a luta pela promoção da igualdade do género deve ser vista como “coisa de mulheresÀ?