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O deserto de Sahara cresce ao tamanho da Nova Zelândia todos os anos, engolindo o que eram antes terras férteis e reduzindo a variedade e volume das culturas que podem crescer na região Sahel da África. Chuvas irregulares e padrÁµes climÁ¡ticos imprevisÁveis significam que mesmo Á¡reas férteis as culturas falham.
Isto tem levado a um aumento de desmatamento dentro desta região. Quando as culturas falham, os aldeÁµes cortam as suas Á¡rvores para comprar alimentos e medicamentos. Porém, é um ciclo vicioso – a perda de Á¡rvores exacerba os efeitos das mudanças climÁ¡ticas. O desmatamento leva Á degradação de solos e perda de abrigo, aumentando assim o risco de perda de culturas. Prevê-se que a produção de culturas na África sub-sahariana caia em 22% como resultado de mudanças climÁ¡ticas.
Ninguém nesta região pode escapar aos efeitos das mudanças climÁ¡ticas, sendo que, qual é a necessidade de enfatizar o papel da mulher na adaptação e respostas Á s mudanças climÁ¡ticas?
As mulheres produzem até 90% dos alimentos consumidos pelos pobres das zonas rurais e 60-80% de alimentos nos paÁses em desenvolvimento. Mesmo assim, elas consomem apenas uma fracção disso. Quando as culturas falham, são as mulheres que reduzem o seu consumo alimentar para que o resto das suas famÁlias possam comer.
O projecto TREE AID da Village Tree Enterprise estÁ¡ a ajudar as mulheres das comunidades da região Sahel da África a estabelecer negócios baseados na produção e venda de produtos de Á¡rvores não-madereiras como a manteiga de karité, folhas do embondeiro e mel. Isto não somente promove a conservação de Á¡reas florestais como fornece um rendimento estÁ¡vel para as suas famÁlias assegurarem que a sua saúde e necessidades educacionais sejam satisfeitas.
Amina Musa trabalhou como camponesa em Gana antes de se juntar ao projecto da Village Tree Enterprise na sua comunidade. Agora é a lÁder num empreendimento de castanha de karité gerido por mulheres.
“Penso que ter mulheres envolvidas e liderando estes negócios trouxe uma mudança muito positiva. A cultura daqui é de que o homem busca milho e cevada mas não se preocupa como se transforma em comida,” diz Musa. “Não tira dinheiro para o amendoim, folhas, óleo… todas as coisas que precisamos para assegurar que o milho e cevada sejam transformadas em comida. Agora que temos o nosso próprio dinheiro e podemos escolher como gostarÁamos de gastÁ¡-lo. Os nossos esposos estão felizes e nós também!”
Aliado Á produção de alimentos, as mulheres priorizam os rendimentos para a educação dos seus filhos e cuidados de saúde para toda a famÁlia. Como um resultado, quando os rendimentos das mulheres são reduzidos toda a famÁlia sofre. Como os rendimentos das mulheres nas pequenas comunidades da África dependem em grande medida na venda de culturas e produtos naturais, serão severamente impactadas pelos efeitos adversos das mudanças climÁ¡ticas sobre o ambiente. Fontes alternativas de rendimento são importantes para assegurar que as crianças permaneçam na escola.
“Na minha famÁlia, o rendimento extra faz com que pague as propinas dos meus filhos e tenhamos uma melhor segurança alimentar,” acrescentou Musa. “Antes sofrÁamos para ter comida suficiente para comer em certos momentos e agora, bem as coisas não são perfeitas, mas estão melhores e todas as crianças estudam. Este ano jÁ¡ pagamos todas as propinas e ainda temos algum dinheiro que ajuda a comprar alimentos.”
Aiguera Zagre faz parte do projecto da Village Tree Enterprise na sua comunidade em Burkina Fasso. Antes uma camponesa e jardineira durante a época seca, agora é secretÁ¡ria do grupo ADECUSS Feminin que faz sabão para combater a balanite. Zegre indica que um negócio de sustentabilidade ambiental faz todo o sentido, é bom para o negócio, protege o ambiente, assegura rendimento para despesas caseiras muito importantes, e ajuda a construir um futuro melhor para a próxima geração. “JÁ¡ fazÁamos algumas actividades para proteger o ambiente mas agora que temos o nosso negócio e estamos a ser treinadas sobre a importância de recursos arborÁsticos, redobramos esses esforços,” explica Zagre. “Faço actividades de reflorestamento para que não só eu mas também as minhas crianças e netos possam beneficiar das actividades deste projecto. Penso que o plantio de Á¡rvores e gestão de recursos naturais são das mais importantes actividades, não apenas para o futuro do meu negócio mas para o futuro da minha comunidade.”
Para as mulheres, como Salimata Dembelé na aldeia de Fifini, no Mali, os negócios locais estão apenas a começar. O sonho de Dembelé é de “tornar-se numa importante empreendedora capaz de satisfazer as minhas próprias necessidades e cuidar da minha famÁlia.”
O trabalho da TREE AID, ao apoiar mulheres para ganharem uma fonte estÁ¡vel de rendimento dos recursos disponÁveis localmente, torna clara a importância das Á¡rvores e ajuda as mulheres a protegerem-nas. É possÁvel para as comunidades de aldeias em África sobreviver e prosperar face Á s mudanças climÁ¡ticas.
Joanna Wain é uma voluntÁ¡ria da TREE AID. Este artigo faz parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links.
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