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Enquanto os lÁderes mundiais e jornalistas se preparam para a cimeira do Rio +20, as organizaçÁµes da sociedade vão se fazendo ouvir no respeitante Á justiça climÁ¡tica. As OrganizaçÁµes com Base na Fé (OBF) ocupam uma posição única como a voz moral e ética da sociedade. Este papel tem-se tornado prominente no âmbito do aquecimento global e mudanças climÁ¡ticas.
As OBFs têm uma grande massa de seguidores, um longo alcance e autoridade moral não menos forte em mulheres que são uma proporção significativa das congregaçÁµes, e arcam com o maior fardo das catÁ¡strofes climÁ¡ticas. Embora as OBFs lideram o apelo para a justiça climÁ¡tica, elas continuam amarradas a cultura e prÁ¡ticas patriarcais.
As mulheres precisam de ser bem representadas nas estruturas de tomada de decisão dentro das OBFs de modo a que suas vozes sejam ouvidas nos esforços para uma justiça climÁ¡tica.
Pode-se perguntar porque uma abordagem baseada na fé quando se lida com mudanças climÁ¡ticas? Segundo os lÁderes de Fé da África Austral, “Deus confiou-nos um planeta rico e vivo, proteger o ambiente é uma exigência da nossa fé.” As OBFs argumentam que os seres humanos perderam a sua bússola moral ao reduzir todas as decisÁµes económicas Á maximização do lucro e consumo. Por isso, vemos a proliferação de indústrias que colocam os meios de produção primeiro antes da vida e os pobres.
Liz Palmer, que senta no conselho de administração da Diakonia, diz que as OBFs elevam a consciência sobre mudanças climÁ¡ticas em vÁ¡rias comunidades religiosas e visam motivar e mobilizar as suas bases.
Uma organização de fé chamada “Temos Fé – Ajamos agora pela Justiça ClimÁ¡tica” tem sido instrumental em levar a sociedade a trabalhar rumo Á um futuro ambientalmente sustentÁ¡vel. É um movimento pan-africano de pessoas, comunidades de fé, lÁderes religiosos e jovens que acreditam na necessidade de respostas justas e concentras nas negociaçÁµes sobre o clima.
A campanha conseguiu mobilizar a sociedade através de uma petição apelando aos lÁderes mundiais a comprometerem-se a acordos legalmente vinculativos, bem como adoptarem um segundo perÁodo de cometimento ao Protocolo de Quioto. A petição apela para um financiamento adequado para adaptação em África, bem como do estabelecimento de metas claras para a redução das emissÁµes do carbono.
A petição jÁ¡ foi submetida ao secretariado executivo da Convenção Quadro das NaçÁµes Unidas sobre Mudanças ClimÁ¡ticas. Este é um testemunho do poder e impacto das organizaçÁµes de fé na mobilização da sociedade para uma causa. Fora dos aspectos polÁticos e económicos prevalecentes dentro das discussÁµes sobre mudanças climÁ¡ticas, uma compreensão moral das questão é crÁtica para se abordar os desafios das mudanças climÁ¡ticas. Como também o é uma perspectiva do género.
Segundo a Wikipédia, “tradicionalmente o cristianismo concedeu ao homem a posição de autoridade no casamento, sociedade e governo. Esta posição coloca a mulher em papeis submissivos e geralmente a exclui da liderança religiosa, especialmente das posiçÁµes formais que requerem uma forma de ordenação. As igrejas Católica e Ortodoxa e muitas denominaçÁµes conservadoras protestantes assertam hoje que apenas homens podem ser ordenados clérigos e deÁµes.
“Muitos cristãos progressivos discordam com o paradigma tradicional de autoridade do homem e submissão da mulher. Adoptam uma posição cristã igualitÁ¡rias ou feminista, argumentando que a mensagem geral do cristianismo oferece uma igualdade posicional para mulheres casadas e no ministério. Por conseguinte, algumas igrejas protestantes ordenam mulheres para posiçÁµes de liderança eclesiÁ¡stica… Historicamente, as mulheres preencheram papéis preponderantes na Igreja, e continuam a fazê-lo apesar de significativas limitaçÁµes impostas por restriçÁµes de ordenação.”
Considerando o seu grande público, estas instituiçÁµes podem assegurar que as suas bases, em particular mulheres, sejam educadas com relação aos desafios e efeitos das mudanças climÁ¡ticas. É imperativo que os homens que dominam as estruturas de tomada de decisão da igreja tomem a dianteira em assegurar que os pontos de vista e vozes de mulheres sejam ouvidos em fóruns como a cimeira de Rio +20. Elas constituem a maioria da congregação. É apenas justo que estejam no centro do debate sobre justiça de fé e climÁ¡tica.
Tishu Tsedu é uma estagiÁ¡ria na Gender Links. Este artigo faz parte do Serviço de Opinião e ComentÁ¡rio da Gender Links.
Comment on Regional: É altura que as organizaçÁµes religiosas representem os interesses das mulheres